Ato falho de Moro revela ideia sobre tortura
Não raro, a pessoa entra para uma facção criminosa não por opção, mas por falta dela. Para se proteger dentro de um sistema prisional que não reinsere presos na sociedade, apenas espanca, degrada e mata, fazendo com que a pessoa sinta ódio de quem está do lado de fora. Moro devia estar discutindo formas de retomar o controle do sistema prisional através da garantia de que esses locais cumpram a função para a qual foram criados, prefere discutir maneiras de aprofundar punições. Se os chamados “super ministros” do governo Bolsonaro, Sérgio Moro e Paulo Guedes, dessem menos palestras a públicos simpáticos a eles para gerar imagens de aplausos visando aos telejornais e às redes sociais – como foi no caso desta sexta (11), onde surgiram as declarações sobre presídios– e passassem a dedicar mais tempo para o desenvolvimento de projetos estruturados em suas áreas, talvez o país tivesse uma chance melhor. Mas trabalhar dá trabalho.
As diferentes esferas de governo são incapazes de implantar uma política de reintegração da população encarcerada, acelerar a análise dos casos do um terço de presos provisórios (que não foram condenados), repensar a política de combate às drogas (só em um delírio muito louco é possível imaginar que um pequeno vendedor de psicoativos merece cumprir pena em regime fechado) ou mesmo reescrever as punições a determinados crimes que não envolvem atentados contra a vida, forjadas com base na crença de que retirar a pessoa
O que anos de políticos irresponsáveis e estruturas que pregam a violência como nosso cimento social (como certas famílias, igrejas, escolas e veículos de comunicação) têm pavimentado dificilmente será desconstruído do dia para a noite. Em alguma hora, precisamos começar. Mas, ao que tudo indica, não será com Moro.
De UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário