
Se o Estado do Rio Grande do Norte, este pequeno ente federativo, também fosse um país, Bolsonaro não alcançaria mais que 36% dos votos, frente aos 63% de Haddad. Mais uma negação a um projeto ulltraliberal de um candidato, agora presidente eleito, que não inclui o nordestino no orçamento. Ao lado dele, um grupo representativo de candidatos conservadores e antipovo foram defenestrados nas urnas no Estado.
Outros parlamentares enxotados da vida pública potiguar foram aqueles que, assim como Agripino, mais representam as oligarquias, como Garibaldi Alves e Beto Rosado. Beto, que integra clã que comanda ou faz parte da política de Mossoró - a segunda maior cidade do Estado - e do RN há mais de 50 anos, tentou vencer no tapetão.
Outros entraram na lista de corte. O ex-pastor Antônio Jácome e o deputado federal Rogério Marinho entenderam a mensagem das urnas que dizia que a porta da rua é a serventia da casa. Ambos têm grandes semelhanças: são golpistas e contribuíram para aprovar a PEC dos Gastos, proposta que congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos.
Os dois foram escorraçados pelo povo, sem deixar saudades. Marinho adiciona razão a mais para tanto: foi o relator da Reforma Trabalhista e incansável representante dos empresários. Destruiu os direitos dos assalariados (faltando "desengessar" o artigo 7° da Constituição, segundo Bolsonaro). Porém, como o voto dos empresários tem o mesmo peso do restante do povo, não conseguiu voltar para a Câmara. Jácome, por sua vez, que tentou vaga para o Senado, logrou a quinta colocação em uma corrida composta por cinco candidatos.
O alívio durou pouco. Bolsonaro não perdeu tempo e decidiu dar o troco por conta da votação que recebeu no RN. Ressuscitou tanto Jácome, quanto Marinho. Não deu tempo sequer para estes defuntos políticos esfriarem.
Jácome, que recebeu míseros 10% dos votos, ganhou sobrevida e foi convidado a ser secretário-executivo no Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos. Aceitou de bate-pronto. O parlamentar é ex-pastor, o ramo da futura ministra da pasta Damares Alves. Deixou a função que ocupava na Igreja Assembleia de Deus sob a acusação de adultério e de forçar uma mulher a cometer aborto. O caso ganhou ampla repercussão e o Ministério Público entrou no caso, arquivando o processo em seguida.
Ocupará o setor preparado para moer trabalhador. Foi convidado para a Secretaria Especial de Previdência e Emprego. No alto escalão, sabe que terá mais liberdade para continuar o massacre aos operários, ainda mais agora que não tem qualquer unção de quem queria vê-lo longe da política.
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