30 anos de MST
MST 30 anos – da terra à comida
O movimento tem
ajudado a construir o caminho da agroecologia e da comida saudável
por Bernardo Mançano Fernandes — publicado 10/02/2014 05:48
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O nascimento do MST aconteceu exatamente por essa razão. Camponeses
expropriados pelo processo de modernização da agricultura capitalista nas
décadas de 1960 e 1970 organizaram-se para formar um movimento e reivindicar o
direito à terra, ao trabalho familiar para produzir alimentos e viver uma vida
digna com educação, saúde, moradia, ou seja todos os direitos básicos.
As Ligas Camponesas foram extintas no começo da ditadura militar de 1964 porque reivindicava esses direitos. O MST começou a se formar na última etapa do regime militar, a partir de 1978/1979 e nasce no alvorecer da redemocratização, em janeiro de 1984.
Com dez anos de idade, o MST já era um movimento nacional. Com menos de 20 anos tornou-se internacional compondo a Via Campesina. Com 30 anos, ele vê o tamanho de seu desafio: continuar existindo como movimento camponês em uma sociedade capitalista globalizada.
Os desafios do MST mudaram nestas três décadas. Na sua infância, um de seus maiores desafios era enfrentar o latifúndio. Este desafio permanece e surgiram outros. A formação do sistema agrícola-industrial-mercantil-financeiro-tecnológico, denominado de agronegócio, passou a disputar os latifúndios com os movimentos camponeses. A expansão das commodities, principalmente das “energéticas”, necessita de muita terra. o capital nacional e o internacional se unificam para controlar territórios e monopolizar o processo produtivo. Formam lobbies, determinam o modelo de desenvolvimento agropecuário, controlam recursos naturais, econômicos e políticos.
Em seu amadurecimento, o MST foi construindo seu próprio caminho. Ele não optou em participar do modelo hegemônico do agronegócio, do uso intensivo de agrotóxicos, da produção de transgênicos e da monocultura, embora algumas poucas famílias vinculadas ao MST estejam inseridas neste sistema. Esta inserção tem demonstrado que a relação campesinato-agronegócio sempre é uma relação desigual, de subordinação na melhor das hipóteses e de destruição do campesinato na pior. Um exemplo deste processo de expropriação é o assentamento Primavera no município de Andradina (SP), onde a cana já controla 70% do território do assentamento.
O MST tem ajudado a construir o caminho da agroecologia e da comida saudável. A identidade territorial camponesa é formada pela diversidade agropecuária, pelo trabalho familiar, produção em pequena escala e aplicação de tecnologias apropriadas ao seu modelo de desenvolvimento. Pouquíssimos engenheiros agrônomos sabe como trabalhar com esta realidade. Por essa razão o desafio do MST e das instituições que apoiam a agricultura saudável, das pessoas que preferem uma comida boa, não industrializada, é expandir a agroecologia na luta pela terra e contra o agronegócio. A luta pela terra tornou-se a luta pela comida. Elas tornara-se indissociáveis. Temos que pensar nisso quando formos comprar nossos próximos alimentos.
Bernardo Mançano Fernandes é professor livre-docente da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)
As Ligas Camponesas foram extintas no começo da ditadura militar de 1964 porque reivindicava esses direitos. O MST começou a se formar na última etapa do regime militar, a partir de 1978/1979 e nasce no alvorecer da redemocratização, em janeiro de 1984.
Com dez anos de idade, o MST já era um movimento nacional. Com menos de 20 anos tornou-se internacional compondo a Via Campesina. Com 30 anos, ele vê o tamanho de seu desafio: continuar existindo como movimento camponês em uma sociedade capitalista globalizada.
Os desafios do MST mudaram nestas três décadas. Na sua infância, um de seus maiores desafios era enfrentar o latifúndio. Este desafio permanece e surgiram outros. A formação do sistema agrícola-industrial-mercantil-financeiro-tecnológico, denominado de agronegócio, passou a disputar os latifúndios com os movimentos camponeses. A expansão das commodities, principalmente das “energéticas”, necessita de muita terra. o capital nacional e o internacional se unificam para controlar territórios e monopolizar o processo produtivo. Formam lobbies, determinam o modelo de desenvolvimento agropecuário, controlam recursos naturais, econômicos e políticos.
Em seu amadurecimento, o MST foi construindo seu próprio caminho. Ele não optou em participar do modelo hegemônico do agronegócio, do uso intensivo de agrotóxicos, da produção de transgênicos e da monocultura, embora algumas poucas famílias vinculadas ao MST estejam inseridas neste sistema. Esta inserção tem demonstrado que a relação campesinato-agronegócio sempre é uma relação desigual, de subordinação na melhor das hipóteses e de destruição do campesinato na pior. Um exemplo deste processo de expropriação é o assentamento Primavera no município de Andradina (SP), onde a cana já controla 70% do território do assentamento.
O MST tem ajudado a construir o caminho da agroecologia e da comida saudável. A identidade territorial camponesa é formada pela diversidade agropecuária, pelo trabalho familiar, produção em pequena escala e aplicação de tecnologias apropriadas ao seu modelo de desenvolvimento. Pouquíssimos engenheiros agrônomos sabe como trabalhar com esta realidade. Por essa razão o desafio do MST e das instituições que apoiam a agricultura saudável, das pessoas que preferem uma comida boa, não industrializada, é expandir a agroecologia na luta pela terra e contra o agronegócio. A luta pela terra tornou-se a luta pela comida. Elas tornara-se indissociáveis. Temos que pensar nisso quando formos comprar nossos próximos alimentos.
Bernardo Mançano Fernandes é professor livre-docente da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)
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