segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Praça é nossa

O Oscar espreita The Square (A Praça) com boas chances de consagrá-lo o melhor documentário do ano. A produção ganhou distribuição da Netflix. Por Nirlando Beirão
por Nirlando Beirãopublicado 03/02/2014 06:05, última modificação 03/02/2014 15:39
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Divulgação
The Square
Ahmed, na Praça Tahrir, em noite de ainda) comemoração
É isso: a televisão. Por ironia, aquele veículo que, ao surgir, foi acusado de nutrir as piores intenções em relação ao cinema. The Square ganhou distribuição da Netflix. Já está no ar, legendado.
“O Ocidente tem essa mania de querer escrever a história dos outros, mas nós, no Egito, queremos escrever nossa própria história”, disse a esta coluna, por telefone, a diretora Jehane Noujaim. Este, aliás, não é apenas o desafio do documentário, o de entender a turbulenta linguagem das ruas insurgentes do Cairo, através de dois personagens emblemáticos, mas opostos (o ativista Ahmed Hassan e um militante da Irmandade Muçulmana, Madjy Ashoud); mas também o de decifrar os novos códigos verbais, corporais e emocionais que afloraram em todo o país a partir do epicentro revoluconário da Praça Tahrir, em janeiro de 2011.
Revolucionário? – é a pergunta que The Square não ousa responder, na barafunda sucessiva da queda do ditador, da violência fratricida, da repressão policial, da eleição cancelada, do golpe de Estado, da guerra civil latente que acabará por separar os dois protagonistas. “O Exército e a Irmandade Muçulmana são a mesma tragédia”, diz o produtor Karim Amer. “Mas, aconteça o que acontecer, o povo egípcio descobriu que o poder está com ele.” Jehane Noujaim concorda: “O sonho sobrevive”. O cinema gosta de sonhar. A tevê, pelo visto, também.

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