DIA 06 DEZEMBRO, DIA DE SACUDIR OS TAPETES DA
JUSTIÇA
No próximo dia 6 de dezembro completa-se 25 anos do assassinato de
João Carlos Batista. Na noite daquele dia, em 1988, quando ele chegava em sua
residência, acompanhado dos filhos e da esposa, logo após fazer seu último
discurso na Assembleia Legislativa Paraense, onde exercia o mandato de deputado
estadual constituinte, recebeu um certeiro tiro na têmpora.
Por três vezes tentaram assassiná-lo. Na primeira tentativa seu
pai, Nestor Batista, recebeu um tiro na cabeça. Na segunda vez, João Batista
ficou três dias na UTI do Hospital dos Servidores do Estado do Pará. E em 1º de
maio de 1987, três pistoleiros avançaram sobre uma manifestação para matá-lo,
tendo o povo, depois de pegar um dos matadores, feito justiça na hora, com as
próprias mãos.
Batista, como era conhecido, nasceu em Votuporanga (SP), e, aos 13
anos, em 1965, transferiu-se com a família para a cidade de Paragominas (PA).
Permaneceram nessa cidade até 1975, quando se transferiram para a capital,
Belém.
Após concluir o supletivo, aos 21 anos, ingressou no curso de
Direito. Foi fundador do Centro Acadêmico do curso de Direito do antigo CESEP,
atualmente UNAMA. Dirigiu a primeira greve estudantil no estado, em 1978, contra
as mensalidades abusivas. Nesse período já integrava a Comissão Nacional
pró-UNE, responsável pela organização do Congresso de Reconstrução da entidade,
em Salvador (BA), em 1979.
Inicialmente passou a advogar para trabalhadores urbanos.
Vinculou-se a várias categorias. Não tardou a se dedicar inteiramente à luta
camponesa, orientando posseiros e colonos nas lutas contra os latifundiários e a
violência no campo, organizando trabalhadores rurais sem terra em ocupações em
muitos municípios do Pará.
Devido sua dedicação na luta ao lado dos trabalhadores, os meios
de comunicação não pouparam esforços manipulando informações, passando a imagem
que aqueles que se organizavam para se defender da agressão de pistoleiros e
policiais que eram os violentos.
Depois do assassinato de João Batista com a morosidade da justiça,
tentou-se apagar a história desse lutador do povo, como aconteceu com muitos
outros. Mas a sua memória e exemplo resistem, como ele resistiu.
A atuação política de João Batista durou pouco mais de 10 anos.
Nesse curto período perdeu muitos companheiros: Mauro Carneiro, Chico Balela,
Gabriel Pimenta, Salvador Alves dos Santos, Reginaldo Alves, José Marcião e
Ariston. Todos covardemente assassinados por pistoleiros a mando de
latifundiários.
Dia 06 de Dezembro de 2013 deve ser não apenas um momento de recordação
e resistência dos irmãos, amigos e companheiros da época, pois antes de João
Carlos Batista, depois dele e até hoje, muitos outros crimes aconteceram e
continuam impunes. A convocação deve estender-se a todos os que sentem vítimas
das injustiças. Mas a impunidade brasileira é única no mundo, um incentivo
constante às praticas criminosas e à formação de máfias. E na Amazônia, a
Justiça ainda é exceção. Muitos foram os enterrados e os desterrados pelo terror
implantado e persistente na Amazônia. Advogados e defensores da igualdade social
continuam a ser assassinados. Por isso, a responsabilidade sobre a data e as
ações previstas em honra do inesquecível deputado é de
todos.
Resgatar a memória de João Carlos Batista e daqueles que
defenderam justiça social é apontar para referencias que sinalizem a importância
da luta, da organização dos trabalhadores e da necessidade de se conquistar a
reforma agrária para a construção de um mundo mais justo e fraterno.
O esquecimento, em nome da paz ou do medo, foi
cultivado e transmitido para a geração posterior a Gabriel Pimenta, Paulo
Fonteles e João Carlos Batista. Isto se forem lembrados apenas os três advogados
de topo na defesa dos direitos humanos e sociais, assassinados na mesma década
no Pará, pelas mesmas motivações. Foram muitos os que aceitaram, na sua vivência
diária, que crimes como esses fossem "varridos para debaixo do
tapete".
João Batista, presente!!
Pelo o fim da impunidade!!
o
Segue a programação:
19h - STTR de Ipixuna do Pará 2/12 - 19h - Câmara Municipal de Paragominas
3/12 – 19h – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipixuna do Pará
19h - STTR de Ipixuna do Pará 2/12 - 19h - Câmara Municipal de Paragominas
3/12 – 19h – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipixuna do Pará
4/12 – 19h – Centro de Pastorais de Mãe do
Rio
5/12 – 19h – Câmara Municipal de
Castanhal
6/12 – 18h as 22h – Academia Paraense de
Letras.
Entre os dias 3 e 6 de dezembro haverá uma exposição
de fotos do deputado João Carlos Batista no hall da Assembleia Legislativa do
Pará.
Informações:
Pedro César Batista
Pedro César BatistaJornalista e
escritor(61) 8322
9805
www.militantedocampo.blogspot.com
www.pedrocesarbatista.blogspot.com
Skype: pedro.batista09Facebook: Pedro César Batista
e-mail: pcbatis@gmail.com
"Sonhos não envelhecem."
Lô Borges
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