Luciana enfrenta a Chevron!
A Petrobras não será a Petrobrax!
publicado
20/10/2016

O Conversa Afiada reproduz artigo da deputada federal Luciana Santos, do PCdoB-PE:
Petrobras é patrimônio do povo brasileiro
A política brasileira de
investimento na exploração do petróleo data da década de 1930, a partir
do decreto-lei 366/1939 que regulava a concessão e fiscalização da
pesquisa e da lavra do petróleo, a ser realizada por brasileiros ou por
empresas constituídas por brasileiros, conforme determinava a
constituição daquela época. Era, portanto, um documento de caráter
nacionalista, mas não estatizante, e desde então é polêmico o papel da
União em operações de risco.
De 1939, quando o poço de Lobato na
Bahia jorrou pela primeira vez em nosso país, até chegarmos a posição de
13º maior produtor de petróleo do mundo, responsável por 2,7% da
produção mundial, a exploração de petróleo no Brasil passou por diversas
fases. A principal delas foi a criação da Petrobras com o objetivo
fundamental da busca de autossuficiência na produção petrolífera.
Apostar no fortalecimento da Petrobras
sempre rendeu bons resultados aos brasileiros. Após décadas de
investimento em pesquisa, perfuração de novos poços, infraestrutura e
tecnologia, com a descoberta do pré-sal a empresa está próxima de chegar
ao objetivo que a concebeu. Uma das provas de sua eficiência é que por
três vezes recebeu o prêmio OTC Distinguished AchievementAward for Companies, Organizations, and Institutions em reconhecimento ao conjunto de tecnologias desenvolvidas para a exploração
em águas profundas. Esse prêmio é o maior reconhecimento que uma
empresa de petróleo pode receber na qualidade de operadora offshore.
Para se ter ideia do que isso
representa em termos de produção, o índice de sucesso da exploração no
mundo, na indústria do petróleo, está em torno de 25%. Ou seja, no
mundo, de cada 100 perfurações, em 25 mais ou menos, encontra-se
petróleo. No Brasil o índice é um pouco melhor, em torno de 30%, e na
área do pré-sal a incidência sobe para 75%. No cluster do pré-sal a incidência é perto de 100%.
Apesar de todos os resultados
positivos, a Petrobras vem enfrentando uma campanha sistemática que
tenta associar as descobertas de corrupção dentro da empresa ao fato
desta ser uma estatal. Na realidade o setor do petróleo está entre os
mais corruptos do mundo, de acordo com a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) e com a ONG Transparency
Internacional. Não é difícil encontrar nos jornais pelo mundo as
notícias de escândalos em petrolíferas privadas como a Exxon. O livro
Crude Awakening, denuncia décadas de relação promíscua e corrupta entre
as grandes empresas de petróleo atuantes no Alaska e a elite política
local. Portanto, é necessário enfrentar a corrupção, punir os corruptos e
corruptores, mas preservando a empresa e seu potencial.
Quando foi criada a Petrobras, dizia-se
que o monopólio teria vindo para reduzir os riscos nas atividades de
refino e transporte para que a nova empresa pudesse arriscar nas
atividades de pesquisa, a fim de garantir o aumento da produção
nacional. Por volta da década de 1970, com necessidade de expandir
produção e dividir riscos, a legislação foi alterada, flexibilizando a
participação estrangeira. Agora, com o desafio da exploração de um
volume do tamanho do pré-sal, de baixo risco, alta tecnologia e grande
retorno financeiro, faz-se necessária a defesa do regime de partilha
constituído enquanto marco legal de exploração.
No projeto de lei de autoria do Senador
José Serra, votado no Plenário da Câmara dos Deputados na quarta-feira
(5/10) — embora o senador não tenha proposto o fim do regime de partilha
— foi retirada a prerrogativa de ser operadora única do pré-sal,
abrindo as portas para essa ameaça e comprometendo um ativo estratégico
para o futuro de várias gerações que é a destinação de 75% desses
recursos para a Educação e 25% para a Saúde. Além disso estamos diante
de uma grande ameaça ao conteúdo nacional. Foi a nossa inteligência no
setor que possibilitou a descoberta do pré-sal, aliada a vontade
política que desenvolveu a cadeia produtiva do petróleo viabilizando os
estaleiros e permitindo a retomada da indústria naval no Brasil, fato
que ajudou a mudar a matriz econômica de Pernambuco com grandes ganhos
para nosso estado e nosso povo. Votaremos os destaques nas próximas
semanas. Nossa posição em mais essa batalha, como sempre, será pela
defesa dos interesses do Brasil e dos brasileiros.
Luciana Santos, é engenheira eletricista, deputada federal por Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB.
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