A TRAGÉDIA PAULISTA
Parece que a Sabesp, empresa controlada pelo Governo de São Paulo, já sabia que a seca estava por perto - e não fez muita coisa. No 7º Simpósio de Qualidade Ambiental, feito em 2010, o químico Adilson Nunes Fernandes, da própria companhia, já havia lançado um alerta. Não por causa do clima, mas pelo avanço da cidade sobre mananciais cada vez mais distantes. Uma hora ia dar problema - como deu.
Em 2012, a Sabesp alertou seus acionistas que ela poderia ter problemas de faturamento, no futuro próximo, justamente por causa da seca e de riscos de desabastecimento. A empresa tem ações na bolsa, o que não é um problema em si: isso serve para captar mais dinheiro no mercado para fazer investimentos e crescer. No caso da Sabesp, crescer significa prestar um serviço de excelência em abastecimento de água e tratamento de esgoto. Porém, ela acabou fazendo um serviço ruim tanto para ela quanto para os acionistas.
Diante disso, não tem como pensar: por que nada foi feito? Não houve grandes mudanças políticas no governo e na administração da Sabesp. O estado é governado pelo PSDB desde 1994 - então, não houve aquele problema tradicional de um partido sabotar os projetos de outro. Por isso, vale a pena voltar ao começo deste TAB, quando São Paulo enterrou seus rios embaixo da água. A abundância se tornou inimiga do planejamento.
No verão de 2009/2010, choveu uma calamidade em São Paulo. Cidades da região metropolitana, como Franco da Rocha, ficaram alagadas por dias. Isso aconteceu porque a comporta do hoje claudicante Cantareira foi aberta para dar vazão àquela enormidade de água. Ninguém jamais tinha ouvido falar de volume morto, a reserva que fica abaixo dos tubos de captação e é responsável por manter a vida aquática naquele delicado ecossistema. Mas, sem esse volume retirado do restinho da represa, a água tinha acabado já na Copa do Mundo. O fato é que, mais uma vez, a abundância venceu o bom senso. São Paulo fez de conta que nada estava acontecendo.
Isso tem de mudar. Apesar do cenário catastrófico, algumas soluções novas vêm surgindo para ajudar a lidar com o problema, em várias escalas.
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