Lentidão na criação de assentamentos desmotiva trabalhadores rurais
24 de janeiro de 2013
Da Pàgina do MST
Uma reportagem do jornal O Globo conta que em 2012 foram promovidas 176 ocupações de terra. O número, levantado pela Ouvidoria Agrária, está no patamar histórico médio, mas representa uma queda.
O pico do número de ocupações de terra foi depois do Massacre de Eldorado de Carajás, em 1996, e no começo do governo Lula, quando havia uma grande expectativa na criação de assentamentos no país.
No final do governo FHC, caiu o número de ocupações com a medida provisória que impedia vistoria em propriedade tomada pelos trabalhadores. No final do governo Lula e começo do governo Dilma, a queda é por conta da paralisação da criação de assentamentos.
Sérgio Sauer, professor da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de temas agrários, avalia que o número de famílias envolvidas na luta pela terra reduziu. Segundo ele, há momentos de maior e menor mobilização.
"Já a eleição do presidente Lula gerou novas esperanças e os acampamentos e ocupações voltaram a crescer. Mas a frustração desta expectativa fez os números decrescerem. A falta de expectativa de assentamentos e a disponibilização de novas áreas desestimulam as mobilizações", afirma Sauer.
"A lentidão do governo para criar assentamentos é tão grande que as famílias de trabalhadores rurais perderam a perspectiva de conquistar a terra com ocupações. Muitas buscaram outras formas para sobreviver, porque é difícil esperar quatro ou cinco anos para ser assentado", afirma Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.
O MST tem 90 mil famílias acampadas em áreas ocupadas e em beiras de estradas.
Abaixo, leia entrevista de Conceição, concedida ao jornal O Globo.
É possível perceber uma redução no número de ocupações nos últimos anos. A que se atribui essa queda?
A lentidão do governo para criar assentamentos é tão grande que as famílias de trabalhadores rurais perderam a perspectiva de conquistar a terra com ocupações. Muitas buscaram outras formas para sobreviver, porque é difícil esperar quatro ou cinco anos para ser assentado. Mesmo assim, persistem nos acampamentos do nosso movimento 90 mil famílias, que estão em áreas ocupadas anos atrás e pressionam o governo.
Há quem entenda que o número de ocupações se dá em razão de programas sociais do governo, como Bolsa Família, e outros de transferência de renda. Qual o impacto desses programas nas ações no campo?
Isso é secundário. A maior parte das famílias que organizamos está no nordeste, onde é o foco do Bolsa Família. O que desmotiva as famílias a viver nos acampamentos e fazer ocupações é a falta de perspectiva da conquista da terra e realização da Reforma Agrária.
No entanto, os trabalhadores rurais pobres querem ser assentados, porque assim conquistam uma terra para trabalhar, uma casa para viver e escola para os filhos. Se o governo criar quatro assentamentos grandes com 500 famílias em casa estado aumentará o número de ocupações, porque os trabalhadores pobres do campo voltarão aos acampamentos com a esperança renovada de conquistar a terra.
O governo Dilma optou, pelo menos anunciou, por fortalecer assentamentos a distribuir terras. Como o movimento entende essa política? Concorda que assim está se dando?
O governo Dilma não assenta nem fortalece os assentamentos existentes. As ações do governo demonstram a sua prioridade para o agronegócio e descaso com a reforma agrária e a pequena agricultura. O agronegócio concentra terra, produz apenas para exportação e utiliza de forma exagerada venenos. A pequena agricultura deve ser a prioridade do país, dentro de um novo modelo de desenvolvimento, para produzir alimentos de qualidade para o povo brasileiro, sem agrotóxicos, em agroindústrias sob controle dos trabalhadores, organizados em cooperativas.
Que comparação o movimento faz da reforma agrária implementada nos anos de Fernando Henrique Cardoso, de Lula e de Dilma?
Nenhum desses governos implementou uma política de Reforma Agrária para acabar com o latifúndio. Foram criados assentamentos apenas para resolver conflitos isolados. Fernando Henrique criou assentamentos sob pressão da sociedade por ser um dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado de Carajás. Lula sofreu uma pressão grande dos trabalhadores rurais que montaram acampamentos e fizeram lutas com a expectativa de que fosse feita a reforma agrária. No entanto, Lula não enfrentou o latifúndio, mas teve sensibilidade social pelo seu compromisso histórico com os Sem Terra. Dilma ainda não fez nada, mas acreditamos que não vai querer entrar para a história do Brasil como a presidenta que não fez nada pela Reforma Agrária.
(com informações de O Globo)
Da Pàgina do MST
Uma reportagem do jornal O Globo conta que em 2012 foram promovidas 176 ocupações de terra. O número, levantado pela Ouvidoria Agrária, está no patamar histórico médio, mas representa uma queda.
O pico do número de ocupações de terra foi depois do Massacre de Eldorado de Carajás, em 1996, e no começo do governo Lula, quando havia uma grande expectativa na criação de assentamentos no país.
No final do governo FHC, caiu o número de ocupações com a medida provisória que impedia vistoria em propriedade tomada pelos trabalhadores. No final do governo Lula e começo do governo Dilma, a queda é por conta da paralisação da criação de assentamentos.
Sérgio Sauer, professor da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de temas agrários, avalia que o número de famílias envolvidas na luta pela terra reduziu. Segundo ele, há momentos de maior e menor mobilização.
"Já a eleição do presidente Lula gerou novas esperanças e os acampamentos e ocupações voltaram a crescer. Mas a frustração desta expectativa fez os números decrescerem. A falta de expectativa de assentamentos e a disponibilização de novas áreas desestimulam as mobilizações", afirma Sauer.
"A lentidão do governo para criar assentamentos é tão grande que as famílias de trabalhadores rurais perderam a perspectiva de conquistar a terra com ocupações. Muitas buscaram outras formas para sobreviver, porque é difícil esperar quatro ou cinco anos para ser assentado", afirma Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.
O MST tem 90 mil famílias acampadas em áreas ocupadas e em beiras de estradas.
Abaixo, leia entrevista de Conceição, concedida ao jornal O Globo.
É possível perceber uma redução no número de ocupações nos últimos anos. A que se atribui essa queda?
A lentidão do governo para criar assentamentos é tão grande que as famílias de trabalhadores rurais perderam a perspectiva de conquistar a terra com ocupações. Muitas buscaram outras formas para sobreviver, porque é difícil esperar quatro ou cinco anos para ser assentado. Mesmo assim, persistem nos acampamentos do nosso movimento 90 mil famílias, que estão em áreas ocupadas anos atrás e pressionam o governo.
Há quem entenda que o número de ocupações se dá em razão de programas sociais do governo, como Bolsa Família, e outros de transferência de renda. Qual o impacto desses programas nas ações no campo?
Isso é secundário. A maior parte das famílias que organizamos está no nordeste, onde é o foco do Bolsa Família. O que desmotiva as famílias a viver nos acampamentos e fazer ocupações é a falta de perspectiva da conquista da terra e realização da Reforma Agrária.
No entanto, os trabalhadores rurais pobres querem ser assentados, porque assim conquistam uma terra para trabalhar, uma casa para viver e escola para os filhos. Se o governo criar quatro assentamentos grandes com 500 famílias em casa estado aumentará o número de ocupações, porque os trabalhadores pobres do campo voltarão aos acampamentos com a esperança renovada de conquistar a terra.
O governo Dilma optou, pelo menos anunciou, por fortalecer assentamentos a distribuir terras. Como o movimento entende essa política? Concorda que assim está se dando?
O governo Dilma não assenta nem fortalece os assentamentos existentes. As ações do governo demonstram a sua prioridade para o agronegócio e descaso com a reforma agrária e a pequena agricultura. O agronegócio concentra terra, produz apenas para exportação e utiliza de forma exagerada venenos. A pequena agricultura deve ser a prioridade do país, dentro de um novo modelo de desenvolvimento, para produzir alimentos de qualidade para o povo brasileiro, sem agrotóxicos, em agroindústrias sob controle dos trabalhadores, organizados em cooperativas.
Que comparação o movimento faz da reforma agrária implementada nos anos de Fernando Henrique Cardoso, de Lula e de Dilma?
Nenhum desses governos implementou uma política de Reforma Agrária para acabar com o latifúndio. Foram criados assentamentos apenas para resolver conflitos isolados. Fernando Henrique criou assentamentos sob pressão da sociedade por ser um dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado de Carajás. Lula sofreu uma pressão grande dos trabalhadores rurais que montaram acampamentos e fizeram lutas com a expectativa de que fosse feita a reforma agrária. No entanto, Lula não enfrentou o latifúndio, mas teve sensibilidade social pelo seu compromisso histórico com os Sem Terra. Dilma ainda não fez nada, mas acreditamos que não vai querer entrar para a história do Brasil como a presidenta que não fez nada pela Reforma Agrária.
(com informações de O Globo)
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