DIANA BRITO
DO RIO
DO RIO
Atualizado às 17h51.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou na manhã desta quarta-feira que aprovou proposta da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos para a construção de um Centro de Referência Indígena no terreno de um presídio em São Cristóvão, bairro vizinho ao Maracanã, na zona norte do Rio. O objetivo é transferir as cerca de 23 famílias indígenas do antigo Museu do Índio para o local. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, no entanto, afirma que o presídio Evaristo de Moraes, conhecido como Galpão da Quinta, em São Cristóvão, ainda funciona, apesar de ter iniciado o processo de desativação no dia 7 de dezembro.
Segundo a pasta, 250 detentos foram transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste. A penitenciária ainda abriga 1.383 internos, que devem ser deslocados para unidades prisionais fluminenses de acordo com os seus perfis. O prazo previsto para desativação completa é até o final do ano.
"Estou tirando o Galpão da Quinta dali, um presídio sem o menor cabimento de está ali no meio da Quinta da Boa Vista. Vamos colocar ali equipamentos como os centros de atletismo e natação. Porque não ter ali um Centro de Referência de Memória Indígena, onde os índios possam vender seus trabalhos artesanais, sua cultura, para que brasileiros, estrangeiros e cariocas possam visitar e fazer daquilo até uma fonte de receita para eles", afirmou o governador, durante inauguração das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) de Manguinhos e Jacarezinho, na zona norte.
Reportagem da Folha desta quarta-feira mostrou que não vai adiantar o governo do Rio fazer propostas porque o grupo indígena já decidiu que nada os convencerá a sair de lá.
O motivo é simples: situado ao lado do Maracanã, o ponto é considerado pelos indígenas como comercialmente muito forte. Os turistas que visitam o estádio costumam passar pela área ocupada e comprar suas peças de artesanato.
O movimento caiu desde que o estádio entrou em obras, mas a perspectiva de bons negócios na Copa das Confederações, em junho, e na Copa de 2014 anima o grupo.
"É o ponto mais importante de venda de artesanato para os indígenas no país, por causa da visitação", diz Arão Araújo Filho, presidente do Conselho Nacional dos Direitos Indígenas e advogado dos índios.
O governo Sérgio Cabral (PMDB) quer demolir o imóvel também pensando no estádio -a ideia é facilitar o acesso. Para o governador, a atitude dos índios "é uma ação política que tenta impedir algo que vai servir a milhões de brasileiros".
Índios no Museu do Índio
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Índios dizem que recusarão propostas para deixar área ao lado do Maracanã
A área disputada por governo e índios pertenceu ao Duque Luís Augusto de Saxe, marido da princesa Leolpoldina, filha mais nova de D. Pedro 2º. Ali, entre 1850 e 1890, ficava o Palácio Leopoldina.
Em 1915, o marechal Rondon criou, no prédio, o Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai. Em abril de 1953 foi criado o Museu do Índio.
Em 1977, quando era dirigido por Darcy Ribeiro, o museu foi transferido para Botafogo, zona sul. Os índios ocuparam o espaço, que estava abandonado, em 2006.
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