Denúncias esquentam as eleições no Congresso
Para manter favoritismo, Renan e Henrique Alves se veem obrigados a dar explicações a colegas sobre novas e velhas suspeitas em semana decisiva para a escolha dos novos presidentes do Senado e da CâmaraO Congresso Nacional entra na última semana antes das eleições para as Mesas Diretoras das duas Casas com intensas articulações. Como acontece em quase toda disputa eleitoral, uma série de denúncias contra os principais candidatos movimenta a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado. Nos últimos dois dias, o clima esquentou mesmo por causa do senador Renan Calheiros (PMDB-AP), favorito para dirigir o Senado. Em 2007, ele renunciou ao cargo por causa de um escândalo amoroso que lhe rendeu, por tabela, seis representações no Conselho de Ética. Como revelou o Congresso em Foco no último sábado (26), o Ministério Público Federal denunciou Renan pelos mesmos fatos, a uma semana da eleição que pode marcar a volta do senador à presidência da Casa.
No Senado, ninguém se inscreveu oficialmente. Favorito, Renan, só anunciou publicamente sua candidatura no sábado à noite, depois da reportagem do Congresso em Foco. Além dele, também devem disputar Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT). Os dois são aliados e planejam entrar na corrida eleitoral para forçar a realização de um segundo turno. O pedido da Procuradoria-Geral da República deve embalar os discursos pela moralidade e transparência, característicos de Randolfe e Taques, na disputa contra o peemedebista.
Renan evitava declarar publicamente sua candidatura. Limitava-se a afirmar que a bancada do PMDB estava unida e que escolheria um nome do partido para o cargo. Até sobre outras denúncias, ele se recusava a prestar esclarecimentos. Tudo mudou depois da reportagem do site, repercutida por outros veículos, revelando a denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
O atual líder do PMDB foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal no inquérito que investiga se ele usou notas frias de venda de gado para comprovar ter rendimentos suficientes para quitar a pensão e o aluguel de sua ex-amante, a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. A jornalista sustenta que os pagamentos eram feitos pelo lobista da empreiteira Mendes Júnior, Cláudio Gontijo. A construtora executou uma obra beneficiada com uma emenda de Renan à Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Renan ainda é alvo de outras duas investigações. Um inquérito que tramita em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal apura se o senador cometeu tráfico de influência. Na mais recente acusação, também revelada em primeira mão pelo Congresso em Foco, o Ministério Público Federal o acusa de pavimentar uma estrada que corta uma estação ecológica para beneficiar sua fazenda, mas sem pedir autorização da administração da reserva ambiental. O andamento dessa investigação, por crime ambiental, ainda depende da relatora do caso, a ministra Cármen Lúcia.
Improbidade administrativa
Na Câmara, são três os candidatos já declarados disputando a presidência: Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o favorito, Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES). Mesmo lá, o clima de denúncias permanece. Denunciado por improbidade administrativa, ele foi condenado em 2011 pela Justiça do Rio Grande do Norte a ter seus direitos políticos suspensos por três anos por uso de recursos públicos para promoção pessoal em campanhas publicitárias do governo estadual, como mostrou a CBN. Houve recurso contra a sentença da juíza Ana Cláudia da Luz.
O jornal O Estado de S.Paulo informa que ele é alvo de outro processo por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. Na ação, o peemedebista é acusado de manter ilegalmente milhões de dólares fora do país. Os autos correm sob segredo de Justiça na 16.ª Vara Federal em Brasília.
Henrique Alves minimizou, até aqui, todas as acusações que lhe foram imputadas. Para o peemedebista, acusações publicadas em veículos de comunicação do país contra ele são “questionamentos” que já foram respondidos e que não abalam sua campanha.
Henrique Alves, Júlio Delgado e Rose de Freitas miram suas propostas no baixo clero.
O prazo para o registro de candidaturas aos cargos da Mesa Diretora da Câmara termina no dia 1º de fevereiro, às 19 horas. Ninguém se registrou até agora, embora Henrique Alves, Júlio Delgado e Rose de Freitas tenham se declarado candidatos. As propostas deles são similares em diversos aspectos, forjadas para agradar, sobretudo, ao grupo de deputados de pouca expressão na Casa. A eleição na Câmara será realizada na próxima segunda-feira, dia 4 de fevereiro.
No Senado, a votação está marcada para esta sexta-feira (1º). O prazo para inscrição de candidaturas termina no mesmo dia. Pedro Taques tem conversado com integrantes da oposição e parlamentares independentes na esperança de ter, inclusive, o apoio do PSDB e tentar levar a disputa para um segundo turno. A decisão sai nos próximos dias.
Encerrada as votações para presidir a Mesa, será declarado o novo presidente da Câmara e do Senado. Depois, uma segunda sessão é convocada para eleger os demais membros da Mesa. Além do presidente, integram a Mesa o 1º e o 2º vice-presidentes e ainda o 1º, o 2º, o 3º e o 4º secretários.
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