AFOGADOS DA INGAZEIRA
Denílson Cardoso
Denílson de Souza Cardoso, 40 anos, não pensa em sair de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú de Pernambuco, cidade onde nasceu, cresceu e constituiu família. Mas, se engana quem pensa que a vida dele é fácil por lá. Seu Denílson é um dos inúmeros agricultores que vêm sofrendo com a maior estiagem dos últimos 30 anos no Nordeste do Brasil.
Para ter água em casa, precisa vencer o cansaço de 8h de trabalho em uma pedreira e ir buscá-la na Barragem Serrinha, a três quilômetros de casa. Uma viagem de duas horas, realizada em carro de boi. Para melhorar a vida do agricultor, a Diaconia, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), construiu uma barragem subterrânea em sua propriedade. Em tempos de chuva, a barragem garante água para a plantação e a cisterna de 16 mil litros (também conquistada com ajuda da entidade) para o uso doméstico. O acesso à água significa mais qualidade de vida para o agricultor, a mulher e seus dois filhos.
A construção de tecnologias sociais de convivência com o Semiárido é uma das ações desenvolvidas pela Diaconia na zona rural do Sertão do Pajeú, em Pernambuco, e no Oeste Portiguar, no Rio Grande do Norte. Assim como seu Denílson, milhares de famílias já foram beneficiadas com barragens subterrâneas e sucessivas, biodigestores sertanejos, cisternas de 16 e 52 mil litros, banheiros redondos e outras tecnologias que as ajudam a viver melhor e a prosperar no Semiárido.
No caso de seu Denílson, nem mesmo a forte seca tirou a vida dos pés de acerola, banana, coco, goiaba, manga, mamão, laranja e cana de açúcar que ele plantou, de 2010 para cá, quando foi contemplado com a barragem subterrânea. Assim que a chuva voltar, além de plantar para consumo próprio, o agricultor também espera ampliar a produção e poder comercializá-la nas feiras dos municípios vizinhos. Seu sonho é largar a vida na pedreira. “O trabalho lá é muito desgastante. A barragem, eu já tenho. Agora, é só esperar a chuva voltar a cair para acabar com o sacrifício”, anuncia animado e cheio de esperanças o agricultor.
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