quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

AGRICULTOR EXPERIMENTADOR

AFOGADOS DA INGAZEIRA

Denílson Cardoso

Denílson de Souza Cardoso, 40 anos, não pensa em sair de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú de Pernambuco, cidade onde nasceu, cresceu e constituiu família. Mas, se engana quem pensa que a vida dele é fácil por lá. Seu Denílson é um dos inúmeros agricultores que vêm sofrendo com a maior estiagem dos últimos 30 anos no Nordeste do Brasil.
Para ter água em casa, precisa vencer o cansaço de 8h de trabalho em uma pedreira e ir buscá-la na Barragem Serrinha, a três quilômetros de casa. Uma viagem de duas horas, realizada em carro de boi. Para melhorar a vida do agricultor, a Diaconia, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), construiu uma barragem subterrânea em sua propriedade. Em tempos de chuva, a barragem garante água para a plantação e a cisterna de 16 mil litros (também conquistada com ajuda da entidade) para o uso doméstico. O acesso à água significa mais qualidade de vida para o agricultor, a mulher e seus dois filhos.
A construção de tecnologias sociais de convivência com o Semiárido é uma das ações desenvolvidas pela Diaconia na zona rural do Sertão do Pajeú, em Pernambuco, e no Oeste Portiguar, no Rio Grande do Norte. Assim como seu Denílson, milhares de famílias já foram beneficiadas com barragens subterrâneas e sucessivas, biodigestores sertanejos, cisternas de 16 e 52 mil litros, banheiros redondos e outras tecnologias que as ajudam a viver melhor e a prosperar no Semiárido.
No caso de seu Denílson, nem mesmo a forte seca tirou a vida dos pés de acerola, banana, coco, goiaba, manga, mamão, laranja e cana de açúcar que ele plantou, de 2010 para cá, quando foi contemplado com a barragem subterrânea. Assim que a chuva voltar, além de plantar para consumo próprio, o agricultor também espera ampliar a produção e poder comercializá-la nas feiras dos municípios vizinhos. Seu sonho é largar a vida na pedreira. “O trabalho lá é muito desgastante. A barragem, eu já tenho. Agora, é só esperar a chuva voltar a cair para acabar com o sacrifício”, anuncia animado e cheio de esperanças o agricultor.

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