terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

The Guardian: Governo de Bolsonaro ataca a indicada ao Oscar, Petra Costa, como ‘ativista anti-Brasil’

Matéria no inglês The Guardian fala sobre os ataques do governo Bolsonaro e seus seguidores à cineasta de ‘Democracia em Vertigem’.


Jornal GGN – A maioria dos governos celebra quando seus cidadãos são indicados ao Oscar – mas não no Brasil de Jair Bolsonaro. Esta é introdução de uma matéria no inglês The Guardian sobre os ataques do governo Bolsonaro e seus seguidores à cineasta de ‘Democracia em Vertigem’. O jornal destaca também o mesmo tipo de ataque do Zero03, Eduardo.
Em matéria do correspondente da América Latina, Tom Phillips, o jornal inglês aponta para a enxurrada de tuítes ocorridos nesta segunda, dia 3, contra Petra Costa. Diz que a diretora do documentário foi classificada como ‘uma ativista anti-brasileira’ e que ‘manchara a imagem do país no exterior’.
O filho Zero03, Eduardo, liderou a acusação, chamando Petra de ‘canalha’, diz o jornal.
O filme de Petra foi indicado ao Oscar de melhor documentário no mês passado, e a cineasta de 36 anos se tornou uma grande crítica internacional do governo de extrema-direita de Bolsonaro. O gatilho do ataque presidencial – que os especialistas chamaram de inconstitucional – foi uma entrevista dada por Petra ao jornalista norte-americano Hari Sreenivasan na semana passada.
Na entrevista, Petra lamenta o aumento do poder de Bolsonaro e critica o incentivo do ex-capitão do exército ao desmatamento da Amazônia e aos assassinatos da polícia que, conforme disse, aumentaram 20% no estado do Rio de Janeiro desde a eleição de Bolsonaro.
‘Normalmente, não perco tempo refutando desprezíveis como Petra Costa, mas o nível de seus absurdos é criminoso’, tuitou Eduardo Bolsonaro, representante sul-americano do grupo de extrema-direita de Steve Bannon, The Movement, ao lado da hashtag #PetraCostaLiar, diz a matéria.
Logo depois uma nova enxurrada de tuítes, desta vez da Secom – a secretaria de comunicação presidencial supostamente apolítica do Brasil, narra o jornalista. ‘É inacreditável que um cineasta possa criar uma narrativa cheia de mentiras e previsões absurdas para denegrir uma nação só porque ela não aceita o resultado das eleições’, tuítou a agência presidencial em inglês.
‘Sem o menor senso de respeito por sua terra natal e pelo povo brasileiro, Petra disse em um roteiro irracional que a Amazônia se tornará uma savana em breve e que o presidente Bolsonaro ordena o assassinato de afro-americanos e homossexuais’, continuou a Secom.
E foi mais longe, ao postar um vídeo em português rejeitando as alegações de Petra sobre um aumento nos assassinatos da polícia como ‘notícias falsas’. Na matéria a menção às estatísticas oficiais, desmentindo o desmentido da Secom, que mostram que a polícia do Rio matou 1.810 pessoas no ano passado, o número mais alto em mais de duas décadas e um aumento de 18% em relação a 2018.
O jornalista aponta, também, que a Secom rejeitou a alegação de Petra sobre a Amazônia. Disse o responsável pela comunicação presidencial que a floresta já ‘estava em um ponto de inflexão onde poderia se tornar uma savana a qualquer momento’. O jornalista rebate dizendo que os principais cientistas alertam que o desmatamento está empurrando a floresta amazônica para um ponto de inflexão irreversível, embora não esteja claro quanto tempo temos pela frente.
A matéria aponta a defesa feita pela ex-presidente Dilma Rousseff, vítima do impeachment que motivou o documentário, que considerou uma ‘agressão intolerável’ o ataque do governo Bolsonaro à cineasta.
Em seu tuíte, Dilma disse que foi o presidente de extrema-direita que era um ‘ativista anti-Brasil’ e não Petra Costa. ‘Não há ninguém em nosso país que seja mais anti-Brasil e mais prejudicial à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro’, disse ela.
E Dilma acrescentou: ‘Petra foi mesmo serena em sua escolha de palavras, ao expressar apenas uma fração do que os brasileiros e o mundo já sabem: que o Brasil é governado por um inimigo sexista, racista, homofóbico, inimigo da cultura, defensor de ditaduras, tortura e violência policial e um amigo dos paramilitares’.
E, por fim, a matéria do The Guardian lembra que, no mês passado, Bolsonaro descartou o filme de Petra – que ele admitiu não ter visto – como ‘porcaria’.

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