Famílias de produtores correm risco de despejo
Acampamento onde vivem 50 famílias há mais de nove anos podem ser retiradas a força
02/05/2015
Por Maíra Gomes,
De Belo Horizonte (MG)
No
norte de Minas Gerais, na cidade de Jequitaí, vivem 50 famílias
sem-terra no Acampamento Novo Paraíso há nove anos. Arroz, feijão,
milho, abóbora, batata, mandioca e muitos outros alimentos fazem parte
da produção destas famílias, que fazem da agroecologia a sua vida e
sustento.
Já prometido pelo INCRA diversas vezes, o
local deve se tornar um assentamento, e as famílias terão o direito à
terra garantido. Mas enquanto a garantia não vem, os produtores sofrem
risco de despejo. No dia 16 de abril, a Polícia Militar definiu o início
de maio como prazo final para o cumprimento do Mandado de Reintegração
de Posse da Fazenda Belgominas, local ocupado pelo acampamento.
“A
polícia está garantindo que vai tirar nós de lá no dia 5. Eles já estão
arrumando o local onde colocar suas barracas pra vigiar a gente. As
famílias não tem pra onde ir, vamos preparar a resistência lá”, conta
Geraldo Pires de Oliveira, membro da coordenação do MST na região e
morador de Novo Paraíso.
Ao mesmo tempo em que lutam
por terra para trabalhar, as famílias veem sua chance em outro conflito
agrário no município de Jequitaí. A CODEVASF está implantando um projeto
de barragem e irrigação, e os atingidos ainda não foram reassentados.
Recentemente, um decreto definiu um território nas proximidades do
acampamento como destinado para a moradia destes atingidos, mas a ação
ainda não foi concluída.
No dia 28, terça, o
Movimento dos Sem Terra, que organiza o acampamento, realizou uma
reunião na Cidade Administrativa para tratar desse e outros casos de
despejo no estado. Na ocasião foi acordado com a Rural Minas e a Coab
que será feita a medição da terra onde as famílias ocupam e o local será
inserido no decreto dos atingidos da CODEVASF, dentro de 90 dias. Mas
Geraldo reforça que acordo foi informal.
“Não estamos
tranquilos. Se não tiver intervenção do governo federal ou juiz da vara
agrária para suspender a liminar, o despejo vai acontecer. Vivemos lá
há muitos anos, alguns cresceram e se casaram ali, temos recém nascido
na área. Não temos pra onde ir e vamos resistir”, avisa ele.
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