quinta-feira, 7 de maio de 2015

Distúrbios do Sono


Insônia e mortalidade


por Drauzio Varella publicado 07/05/2015 05h17
O desconforto ligado à dificuldade de dormir pode trazer consequências mais sérias, diz pesquisa da AJM



Alyssa L. Miller/Flickr
Insônia
Um em cada cinco adultos queixa-se de insônia
Um em cada cinco adultos queixa-se de insônia. Na metade deles, a dificuldade para dormir é intermitente, limitada a determinadas fases da vida, e na outra metade, a falta de sono torna-se persistente (crônica).
Um estudo recém-publicado na revista The American Journal of Medicine avaliou a relação entre mortalidade nos 20 anos seguintes e insônia persistente – definida como aquela com mais de seis anos de duração.
O estudo começou em 1972, com 1.409 participantes de 21 a 75 anos de idade. 
Insônia persistente foi definida de acordo com a presença de pelo menos um dos sintomas previstos pela Classificação Internacional dos Distúrbios de Sono: dificuldade crônica para pegar no sono ou manter o sono ou despertar muito cedo pela manhã, distúrbios acompanhados de sensação de noites maldormidas e sonolência diurna.
No período de acompanhamento ocorreram 318 óbitos, causados principalmente por doenças cardiovasculares: 95 casos câncer: 78 e doenças pulmonares obstrutivo-crônicas: 23.
Os resultados foram submetidos a análise multivariada para excluir a influência de fatores como idade, sexo, índice de massa corpórea, fumo, atividade física regular, uso de álcool e de medicações para dormir. 
Para afastar aqueles com privação de sono por razões de trabalho, estudo ou outras, as análises ficaram restritas aos indivíduos que sofriam de insônia apesar de ter oportunidade para dormir pelo menos sete horas por noite.
Comparados com os que não tinham dificuldade para dormir, o risco de morte entre aqueles com insônia foi mais elevado: 54% maior entre os que apresentavam insônia intermitente e 98% maior nos casos de insônia persistente.
As causas responsáveis pelo aumento da mortalidade foram, principalmente, as doenças cardiopulmonares. Não houve associação entre insônia e neoplasias malignas.
Os resultados mantiveram-se independentemente do uso de hipnóticos, oportunidade para dormir, sexo, idade, índice de massa corpórea e outros fatores que poderiam interferir com eles. 
Um dos mecanismos aventados para explicar o risco mais alto, é o de que a falta de sono provocaria um processo inflamatório crônico, fator de risco para doenças cardiovasculares e cardiopulmonares.
No decorrer do estudo, os participantes colheram sangue para medir os níveis de proteína C reativa (PCR), um marcador da atividade inflamatória associado às doenças cardiovasculares. Esse exame faz parte das avaliações laboratoriais que os cardiologistas solicitam de rotina.
Os participantes que sofriam de insônia persistente apresentaram níveis sanguíneos de PCR mais elevados do que aqueles com insônia intermitente ou sono normal. Essa elevação, no entanto, não conseguiu explicar o mecanismo associado à mortalidade, uma vez que não teve impacto estatístico nos resultados finais.
Esse é o primeiro estudo prospectivo que avalia as consequências a longo prazo da dificuldade crônica para dormir, na duração da vida.

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