terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Kátia Abreu é latifundiária clássica, diz MST após entrevista de ministra

Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
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  • Sergio Lima/Folhapress
    A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, conversa durante a posse da presidente reeleita Dilma Rousseff, no Congresso Nacional
    A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, conversa durante a posse da presidente reeleita Dilma Rousseff, no Congresso Nacional
Entidades ligadas aos trabalhadores rurais repudiaram as declarações da nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), nas quais ela disse que "não há latifúndio" no Brasil e que a reforma agrária não precisa ser feita "em massa". Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, as declarações da ministra negam sua própria existência. "Ela está negando sua própria existência porque ela é uma latifundiária clássica", afirmou.
Em entrevista publicada nesta segunda-feira (5) pelo jornal "Folha de S. Paulo", a ministra negou a existência de latifúndios no país. "Latifúndio não existe mais", disse a ministra, que é presidente licenciada da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), entidade ligada a agricultores e pecuaristas.
Alexandre Conceição diz que a declaração de Kátia mostra desconhecimento da ministra em relação à realidade do setor e que sua presença no ministério é perigosa para a administração petista. "Uma ministra que veio cuidar da agricultura com um pensamento atrasado e não reconhecendo a realidade agrária é um perigo para o governo Dilma. Ela (Kátia Abreu) é, sim, latifundiária", disse Conceição.
Esta não é a primeira vez que o MST se manifesta contrariamente a Kátia Abreu desde que seu nome começou a ser especulado para assumir o Ministério da Agricultura. No dia 15 de dezembro do ano passado, em reunião com a presidente Dilma Rousseff (PT), integrantes da direção do MST repudiaram a indicação da peemedebista para a pasta da Agricultura.
Kátia participou nesta tarde da cerimônia e transmissão de cargo na sede do ministério. Ela recebeu o comando da pasta do ex-ministro Neri Geller. Na ocasião, a política declarou "amor" aos ruralistas. 
Edmundo Rodrigues, da coordenação nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra), disse que as declarações de Kátia são "uma asneira total" e que manifestações como a da ministra "acirram ainda mais a violência no campo".
"É uma asneira total. Parece que a ministra está jogando pedra na Lua. Dizer que não há latifúndio no Brasil é uma inverdade e a gente precisa desmentir porque senão as pessoas começam a achar que o que ela está falando tem base na realidade, e não tem", afirmou.
A reportagem do UOL procurou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, para comentar as declarações da colega Kátia Abreu, mas até o momento não recebeu retorno. O MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) comanda o processo de reforma agrária no país.
 
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KÁTIA ABREU - A senadora (PMDB-TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) assumirá a pasta de Agricultura. O nome de Kátia sofreu forte resistência de movimentos de sem-terra, que chegaram a ocupar o prédio da Confederação, em Brasília (DF). Acolhida recentemente pelo PMDB, a direção do partido não considera a senadora como parte de sua cota no ministério de Dilma, mas da cota pessoal da presidente Leia mais Alan Marques/Folhapress

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