domingo, 11 de maio de 2014

Pobres são os que mais sofrem com falta de água em São Paulo, diz pesquisa

Enquanto governo nega colapso, moradores das regiões periféricas já relatam problemas de abastecimento
por Redação — publicado 07/05/2014 20:32, última modificação 07/05/2014 20:32
Arquivo/Agência Brasil
Falta de água
Levantamento telefônico aponta que 23% dos moradores do Estado já tiveram problema de falta de água nos últimos três meses
Desde que o Sistema Cantareira começou a registrar sucessivos recordes negativos de nível de água, o discurso é o mesmo: o governo do Estado nega que haja ou que seja necessário fazer qualquer racionamento em São Paulo. E quem mora no Morumbi, Jardins ou Higienópolis, bairros ricos da capital paulista, não precisa se preocupar. Pelo menos por enquanto o problema afeta, principalmente, os pobres da cidade ou da região metropolitana.
É o que mostram os dados de uma pesquisa, divulgada nesta quarta-feira 7, pelo instituto Data Popular. O levantamento telefônico aponta que 23% dos moradores já tiveram problema de falta de água nos últimos três meses no Estado, o que corresponde a aproximadamente 6 milhões de pessoas. Mas os mais afetados (25%) são os que ganham até um salário mínimo. Por outro lado, esse número é só de 12% quando se tratam de pessoas que ganham mais de dez salários mínimos.
Além disso, a falta de água está afetando, principalmente, os moradores da região metropolitana. De acordo com estudo, 35% das pessoas que relataram o problema estão em cidades periféricas, ou seja, localizadas ao redor da capital paulista. Já o interior do Estado, tradicional reduto de votos do PSDB, é a região que menos sente os impactos do problema de abastecimento. Só 14% das pessoas que confirmaram não ter água em casa são de cidades que estão distantes do centro. O mesmo índice chega a 30% quando se tratam de moradores da cidade de São Paulo.
Ainda que o problema seja mais intenso entre os pobres ou moradores de regiões periféricas, a maioria dos paulistanos concorda quando o assunto é o culpado pela crise da água. De acordo com a pesquisa, 41% das pessoas responsabilizam a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pelo problema e 29% indicam a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Só 7% dos moradores pensam que o problema é em razão da falta de chuva.
O medo da falta de água também toma conta de todos, independentemente da classe social ou região do Estado. O Data Popular questionou os entrevistados sobre o temor de que a situação se agrave. O resultado é que 59% dos paulistas acreditam que terão algum problema com abastecimento até o final do ano. Mas, por razões óbvias, a maior parte dessas pessoas (68%) é proveniente da região metropolitana de São Paulo. O levantamento foi feito pelo telefone com 18.534 pessoas de 70 cidades do Estado, e tem margem de erro é de 0,7%.
Novo recorde
O volume de água do Sistema Cantareira registrou mais uma queda, baixando para 9,6% da sua capacidade de armazenagem. Na terça-feira 6, o nível dos reservatórios estava em 9,8% e, há um ano, o nível de armazenagem no Cantareira correspondia a 62% da sua capacidade.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), não há previsão de chuvas significativas na região onde fica o reservatório nos próximos dias. “Vai haver nebulosidade e apenas uns chuviscos, mas nada que melhore [o nível dos reservatórios]”, disse Kleber Souza, meteorologista do Inmet.
No começo da semana, o governador Geraldo Alckmin voltou a negar a possibilidade de adoção do racionamento. Ele confirmou que, no próximo dia 15, a Sabesp começará a retirar a água do chamado volume morto, área abaixo do nível de captação das comportas, cujo aproveitamento exige a expansão da estrutura de bombeamento. A previsão é usar 200 bilhões de litros dos 400 bilhões da reserva estratégica.
*Com informações da Agência Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário