Vice da UNE é presa em protesto contra a Copa e expõe racha da instituição
Entidade é
dominada pelo PC do B, partido o ministro Aldo Rebelo e da presidente da União
Nacional dos Estudantes. Oficialmente a entidade apoia o evento esportivo
por Mariana Melo — publicado 27/01/2014 19:29, última modificação 27/01/2014 21:09
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Reprodução/Facebook
Katerine Oliveira participa do grupo Rebele-se, um
dos coletivos de oposição à atual direção da entidade. Ao contrário da posição
oficial da UNE, o grupo se coloca contra a realização da Copa da forma como está
sendo feita: os gastos são considerados abusivos e mal coordenados. “Em dez
anos, foram feitas duas reformas no Maracanã” exemplifica a vice-presidente, em
entrevista à CartaCapital. E emenda: “eles chegaram a postar na página da UNE
uma mensagem defendendo o trabalho voluntário durante a Copa. Achamos que a
instituição não deveria se prestar a isso.”
Normalmente a UNE apoia as ações do governo
federal. O Ministério dos Esportes é presidido por Aldo Rebelo, do PCdoB,
partido domina a UNE há cerca de duas décadas e tem entre seus filiados sua
atual presidenta, Virgínia Barros, de 27 anos. Virgínia defendeu a
realização do evento e diz que na UNE discute-se, contando com os diversos
coletivos, o legado deixado pela Copa, que na sua visão é positivo. “Falamos do
legado social da Copa, que vem promovendo a criação de cidades melhores. Não
temos uma visão unilateral do evento, vemos como uma oportunidade para o País.”
Quanto à oposição dentro da UNE, Virgínia reforça que a instituição é formada
por diversos coletivos, e que as articulações se dão sempre por encontros,
debates e votações.
Virgína diz que a UNE condena a detenção de sua vice-presidente
Katerine e a ação da polícia em protestos, independente da pauta dos mesmos.
“Defendemos a desmilitarização da polícia e também repudiamos a criminalização
de movimentos sociais. As manifestações são legítimas e, neste caso, fica claro
o despreparo da polícia em lidar com isso.”
A UNE teve em uma semana três prisões de seus
membros. Além de Katerine, dois diretores, Mateus Weber e Igor Mayworm, foram
detidos pela polícia por estarem acampados em frente ao Palácio do Planalto, em
protesto quanto ao descredenciamento, acontecido no dia 13 de janeiro, das
universidade Gama Filho e da UniverCidade.
Ação policial
Katerine narrou os acontecimentos de sábado, quando foi detida.
Junto a um grupo de outros manifestantes, ela entrou em um hotel na Rua Augusta
para se proteger das bombas de efeito moral e balas de borracha que estavam
sendo lançadas pela polícia. O recepcionista do hotel acabou permitindo que os
jovens ficassem por lá até que a situação se acalmasse.
No entanto, a polícia entrou no estabelecimento e,
com ameaças, obrigou os manifestantes a se agacharem. “Não quebramos nada na
recepção. Os policiais gritaram e usaram insultos para coibir os manifestantes,
que não reagiram em nenhum momento. Um deles chegou a dizer ‘Levanta, vadia’
para uma das meninas. O comandante era o mais alterado, e ele não tinha nenhuma
identificação” diz Katerine, que viu apenas um dos policiais utilizando o nome
no uniforme.
O que chamou a atenção de Katerine foi a
insistência em apagar qualquer registro que pudesse ter sido feito. Aos
manifestantes, ela conta, foi pedido que entregassem os celulares ou câmeras,
enquanto eram apagadas as filmagens e os aparelhos desligados. “Ouvi os
policiais perguntando ao recepcionista aonde ficavam as câmeras de segurança.
Não sei se elas foram apagadas, mas ouvi perguntarem por elas. Percebi que
estavam preocupados com as gravações”.
O grupo de Katerine foi encaminhado a 78º DP dos Jardins para fazer
ocorrência. Às 3 da manhã, estavam liberados. Um rapaz de 22 anos, Fabrício
Proteus Nunes, que não estava no grupo de Katerine mas participava da manifestação, está em estado grave na Santa Casa, em
Higienópolis, depois ser atingido por três tiros disparados por um policial.
Oficialmente, a PM alega legítima defesa na ação.
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