sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

 

Juros levam 23% das receitas e derrubam economia do Brasil

Juros levam 23% das receitas e derrubam economia do Brasil

Publicado em 26/01/2023

Herança maldita: País crescerá menos que a média mundial

Taxas de juros mais altas estão elevando os custos do serviço da dívida para os países em desenvolvimento. Na Índia, os pagamentos adicionais de juros representam 8,7% do total das despesas do governo, 1 ponto percentual a mais do que a parcela da educação no orçamento total em 2020. No Brasil, Indonésia e África do Sul, o aumento nos pagamentos de juros representaria cerca de 6% a 7% das despesas totais, calcula a Organização das Nações Unidas (ONU) no relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2023.

No Brasil, pagamentos de juros sobre a dívida do governo central representam cerca de 23% das receitas fiscais, estima a ONU. Os cálculos das Nações Unidas não incluem a rolagem da dívida. A taxa real brasileira (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) é de 8,16%, quase 3 pontos superior à do segundo colocado (México, com 5,39%), de acordo com cálculos da Infinity Asset.

O resultado é um crescimento fraco na economia. A ONU projeta uma alta de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB, expressão do tamanho da economia) em 2023 e 2% em 2024. Ambos os percentuais são inferiores à previsão para os países em desenvolvimento (3,9% e 4,1%, respectivamente) e mesmo da média mundial (1,9% este ano e 2,7% em 2024).

O crescimento da produção mundial estimado para 2022 é de 3%. A projeção para 2023 marca uma das taxas de crescimento mais baixas nas últimas décadas, de acordo com a ONU. Nos Estados Unidos, o PIB deverá crescer apenas 0,4% em 2023, após alta estimada de 1,8% em 2022, disse o relatório. O crescimento econômico da China deve acelerar para 4,8% em 2023.

Em 2022, o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda mais que dobrou em relação a 2019, chegando a quase 350 milhões. Um período prolongado de fraqueza econômica e crescimento lento da renda não apenas prejudicaria a erradicação da pobreza, mas também restringiria a capacidade dos países de investir nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030 de forma mais ampla, enfatizou o relatório.

"Não é hora para raciocínio de curto prazo ou austeridade fiscal irrefletida, que exacerbe a desigualdade, aumente o sofrimento e coloque os ODS fora de alcance. São tempos sem precedentes, que demandam ações sem precedentes", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Segundo ele, "esta ação inclui pacote de estímulo transformador dos ODS, gerado através de esforços coletivos e organizados de todos os atores envolvidos."

Fonte: Monitor Mercantil

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