Juros tiram competitividade da indústria, que é ultrapassada por agro e setor extrativo
Publicado em 18/01/2023Instabilidade política também levou a fechamento de empresas
A participação das indústrias em tudo que é produzido no Brasil (PIB) chegou a se aproximar de 20%, entre os anos de 1950 e 1970. O nível de produção da indústria de transformação no PIB brasileiro, porém, caiu de 15,60%, no quarto trimestre de 1996, para 10,3%, no primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados do IBGE.
Estudo conduzido pela tesouraria do Grupo Travelex Confidence mostra que, enquanto o processo de desindustrialização no Brasil acarretou a queda da participação no PIB, o setor agrícola ganhou cada vez mais espaço no indicador, se tornando um dos principais setores responsáveis pelo crescimento do país. A agropecuária, somado ao setor extrativo, saiu de uma participação de 4,9% (1996), para 16,2% no PIB do país em 2021.
Para Marcos Weigt, líder da Tesouraria do Travelex, o processo de desindustrialização foi motivado por uma série de fatores, dentre eles, a baixa competitividade da indústria brasileira no mercado internacional em função do baixo investimento em tecnologia.
"Outro grande fator responsável, foi a política monetária adotada no Brasil entre os anos de 2003 e 2010, onde os juros foram elevados por um longo período de tempo, motivando também uma entrada de moeda estrangeira no país e uma valorização cambial da moeda nacional", conta.
Este cenário dificultou a tomada de crédito das indústrias, afetando diretamente a taxa interna de retorno do investimento. Como consequência, também gerou forte estímulo à importação. O estudo também apontou que a política de correção salarial acima do ganho de produtividade gerou um aumento do custo de produção para a indústria.
Foi observado também que, nos últimos anos, houve uma aceleração no processo de desindustrialização em função da forte instabilidade política e econômica. "Entre 2011 e 2020, a indústria perdeu 9,6 mil empresas, fechando 1 milhão de vagas no Brasil", finaliza Weigt.
Fonte: Monitor Mercantil
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