Blog criado para informar a todos e a todas sobre os acontecimentos e temas do campo e da agricultura familiar.
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
Se você é como nós, deve estar respirando aliviado com o fim de 2022. Aqui naPública, este foi um ano de muito trabalho e de grandes conquistas. O jornalismo da Pública foi protagonista em algumas das coberturas mais importantes e urgentes do ano. Também por isso foi um ano de muita tensão, em que muitas vezes nos sentimos à beira do precipício, com ameaças veladas e explícitas ao nosso trabalho e à nossa democracia.
Agora, conquistamos uma nova chance e, aos poucos, poderemos começar a trilhar ocaminho em direção a um país mais justo, inclusivo e democrático. Hoje, convidamos repórteres e editores da Pública para compartilhar com você nossos sonhos para o Brasil no ano que vem.
Desejo que em 2023 osgarimpeiros sejam expulsosdas terras Yanomami e Munduruku, e que os indígenas possam viver em paz na floresta. Que os rios se livrem do mercúrio e a fartura de peixes alimente as crianças, hoje desnutridas. Que os conflitos na Amazônia não mais terminem com famílias ameaçadas e lideranças mortas, mas com invasores presos. Que o novo governo cumpra suas promessas de deter o desmatamento e os crimes socioambientais e toda gente aprenda com os indígenas, ribeirinhos e quilombolas a valorizar a vida, para que a Terra seja abundante para todos, sem desperdício nem privilégios. Marina Amaral, diretora-executiva
Desejo que em 2023 o poder público deixe de dizer apenas “ó, choveu” e invista em umplano real de adaptação às mudanças climáticas. Assim, poderemos evitar que se repitam cenas como as que vimos em Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e São Paulo nos últimos meses. Que a gente abrace a nossa biodiversidade e passe a protegê-la como ela merece, reconhecendo que rico é um país com a floresta em pé e rios e mares limpos e vivos. O mundo está e ficará ainda mais quente e o Brasil tem a chance de ouro de ser a ponta de lança na mudança que as nossas gerações futuras tanto precisam. Paula Bianchi, editora de Clima
Depois de cobrir a liberação sem critérios de novos agrotóxicos no mercado desde o governo de Michel Temer e com recorde no governo Bolsonaro, com consequências brutais para a saúde de quem trabalha com agricultura e de quem come esses alimentos; depois de documentarmos o uso criminoso de pesticidas como armas químicas contra comunidades tradicionais; depois de denunciarmos o lobby para a liberação do perigoso agrotóxico paraquate e registrarmos a morte de mais de meio bilhão de abelhas em 2018 — uma notícia que correu o mundo — meu desejo é que asaúde da população seja priorizadana gestão da Anvisa e na política de defensivos agrícolas do novo governo. Natalia Viana, diretora-executiva
Após 4 anos de um governo anti-imprensa, que incitou a violência e o descrédito contra nosso trabalho — a Pública e mesmo eu, fomos ameaçados neste ano — chegamos ao fim de 2022 como o ano mais violento contra a imprensa e seus profissionais. Segundo a Abraji, que monitora o tema, foram 504 casos de violência neste ano interminável, um aumento de 11,3% em relação ao ano passado. Perdemos colegas brutalmente assassinados como Givanildo Oliveira e Dom Phillips. Desejo, portanto,que esses crimes não fiquem impunese que as situações envolvendo agressões físicas, intimidações e ameaças contra o nosso trabalho diminuam drasticamente em 2023. Thiago Domenici, repórter, editor e diretor
Em 2023, desejo que sigamosfirmes na luta pelo fim da violência de gênero, contra toda ameaça aos direitos das mulheres e das pessoas LGBTQIA+. Que o direito ao aborto seja reconhecido como uma questão de saúde no Brasil; que cessem os ataques fundamentalistas contra direitos sexuais e reprodutivos. Meu desejo é que cada vezmais pessoas trans e travestis, e mulheres negras, ocupem espaços de poder. Que nenhuma mãe precise deixar de comer para alimentar seus filhos. E que possamos construir um país mais igualitário para todas, todos e todes. Mariama Correia, repórter e editora de Gênero e Religião
Em 2023, eu desejo que os trabalhadores de aplicativo possam, efetivamente, participar das conversas que vão definir o futuro do trabalho em plataformas digitais no país. Desejo que, desta vez,sejam respeitadas as manifestações políticas de entregadores, motoristas, faxineirase outros tantos brasileiros que obtêm sua renda trabalhando para empresas de tecnologia. Torço para ver essas pessoas — que frequentemente passam mais de 10 horas por dia trabalhando sob o controle de um aplicativo — indo a Brasília e participando das decisões legislativas sobre a regulamentação de seus próprios trabalhos. Já que é permitido sonhar, em 2023 sonho que a opinião da sociedade civil não seja ofuscada pelas estratégias de lobby e marketing das gigantes da tecnologia. Clarissa Levy, repórter que revelou a máquina oculta de propaganda do iFood
Espero que, no que vem, armas de fogo sejam tratadas com a seriedade que merecem: elas são peça central na política pública e, quando desviadas ou vendidas sem controle, impactam na segurança de cada um dos milhões de brasileiros. Um exemplo: na Pública, mostramos que caçadores, atiradores e colecionadores “perdem” três armas por dia no Brasil, que muitas vezes vão parar na mão do crime organizado. O Governo Federal e o Congresso precisam rever os muitos decretos de Jair Bolsonaro para que avenda de armas seja devidamente fiscalizadapelas autoridades competentes, e o Exército precisa ter mais competência e transparência em lidar com os dados de registros de armas e munições neste país. Também espero que cenas lamentáveis, como a do bolsonarista Roberto Jefferson atacando policiais com tiros e granadas, nunca mais se repitam. Bruno Fonseca, repórter e editor
Governo tem que ser transparente. Porque é pago por nós, porque existe para nós e porque é feito por nós, cidadãos. Espero que, no ano que vem,Brasília trate a transparência como deve ser tratada: regra, e não exceção. Meu desejo é que os diversos ministérios coloquem funcionários qualificados para lidar com pedidos de informação e processos de abertura de dados. Que autoridades entendam que entrar na vida pública significa que os atos delas não são mais privados como os meus e os seus, mas que precisam vir às claras, ser fiscalizados. Que o Portal da Transparência seja aprimorado, que as agendas públicas sejam preenchidas, que os gastos de cartões corporativos sejam divulgados. Enfim, que faça-se a luz! Bruno Fonseca, repórter e editor
Queremos agradecer sua parceria até aqui e esperamos que você siga caminhando ao lado da Pública em 2023. Temos grandes planos para o ano que vem, inclusive abrir e revelar os segredos que ficaram escondidos na Caixa-Preta do governo Bolsonaro. Só acertando as contas com o passado poderemos começar a construir o Brasil do futuro.
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