quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Riqueza de nossa terra Igreja do Bonfim São Tomé/RN

A Serra do Bonfim foi originariamente doada em sesmaria ao português Manuel Fernandes Trigueiro, na segunda metade do século XVIII. Antes disso, Manuel residia na vizinha Capitania da Paraíba e havia se deslocado para o Rio Grande durante os embates iniciais travados durante a chamada “Guerra dos Bárbaros”, que opusera luso-brasílicos aos indígenas fixados nos sertões das Capitanias do Norte do Estado do Brasil. Fernandes Trigueiro foi alferes de uma das companhias de ordenanças do Rio Grande (espécie de exército da época) e recebeu a Data, denominada inicialmente de Gameleira de Nosso Senhor do Bonfim, em retribuição aos seus serviços, como também pleiteou com eles a propriedade do cargo de tabelião público de Natal, mesmo que não tenha logrado êxito. A construção acima, localiza-se no território que havia pertencido à Manuel Trigueiro e, possivelmente, sua obra se iniciou sob domínio e patrocínio desse senhor, visto que no frontão desse monumento arquitetônico, caracteristicamente colonial, faça referência a data de 1654. Atualmente, persisti no imaginário popular uma lenda de que essa construção foi soerguida pelos holandeses durante o período no qual dominaram norte agrário do Brasil. Contudo, observa-se que esta construção tratou -se de uma arquitetura com funções religiosas (talvez uma igreja em homenagem à Nossa Senhor do Bonfim que batiza o topônimo), com a presença do denominado “arco do cruzeiro” que separa a nave central do altar principal, a construção foi feita de pedras, tijolo, barro e cal (possivelmente de conchas) com as dimensões do pé direito que denotam um antigo arco e paredes bastante largas e espessas que sinalizam para uma construção caracteristicamente colonial, algo que será corroborado ou refutado após análises arqueológicas. Vale lembrar que essas características estruturais não se coadunam com as práticas religiosas dos flamengos, haja visto que naquele período fossem uma civilização protestante e não católica, o que mina a tese do imaginário popular.

RÁPIDO HISTÓRICO
Os habitantes da região de Bonfim, Balanço, Arizona e arredores (municípios de Lajes,
Caiçara do Rio dos Ventos e São Tomé / RN), desde muito tempo, são intrigados com a
presença de uma igreja datada de 1654 naquele local (ver figura Por se tratar de
uma região inóspita, especialmente naquela época em que o mercantilismo, baseado nas
riquezas minerais (prata, ouro e esmeraldas principalmente), constituía a riqueza das
Nações, especulava-se que a construção daquela igreja se devia a descoberta de um bem
mineral. Cogitou-se tratar-se de minério de tungstênio quando, na década de 60, foi
descoberto o Depósito Mineral da mina Bonfim pelo Sr. Eurico Pereira. No entanto, em
1654, o tungstênio não havia sido ainda descoberto, vindo a sê-lo somente em 1781 por
Carl Scheele.
Novas especulações surgiram quando na década de 80 se descobriu o ouro associado aos
“skarns” scheelitíferos da mina Bonfim e que, na data alusiva encontrada na torre da igreja,
era objeto da cobiça de portugueses e holandeses que aqui estiveram por volta do século
XVII. Mais uma vez tais especulações careciam de maior consistência, uma vez que o ouro
da mina Bonfim se caracteriza por ser extremamente fino e/ou associado a estrutura do
bismuto, não sendo visível a olho nu e nem pelos equipamentos disponíveis naquela época.

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