quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

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A história vai virando pó após derrubada de prédio histórico de Raul Capitão

Erguida por Raul Pereira da Silva, popularmente conhecido por Raul Capitão, esta casa localiza-se na Serra da Gameleira do Bonfim e tornou-se símbolo de um período áureo da história das cidades de São Tomé e Lajes do Cabugi. Com uma arquitetura moderna e arrojada para época, estima-se que tenha sido construída nos anos iniciais do pós-guerra com a riqueza advinda da extração da sheelita que demarcou um dos ciclos econômicos de maior pujança daquelas cidades. Conta-se que Raul era homem de origem modesta, funcionário da Fazenda Amarante ao longo de 18 anos e que, adquiriu parte da Serra do Bonfim, achou por volta de 1967 uma pedra estranha, que após análises de especialistas descobriu -se tratar de sheelita, mineral responsável por dá liga ao ferro. Após isso, inicia-se a extração do famoso minério que projeta Raul, simples agricultor de 55 anos, em um dos homens mais ricos e influentes do Rio Grande do Norte na segunda metade do século XX.

DO AUGE À RUÍNA

ANTIGO PREDIO DE RAUL CAPITÃO EM QUE SE TORNOU

Novas construções vão dando lugar às antigas obras em São Tomé RN, como é o caso da demolição do prédio de Raul Capitão como era conhecido. Aos poucos, a história vai virando pó com demolições de locais tidos pelo povo como históricos.

O abandono de edifícios antigos é uma realidade em várias partes do mundo e uma das causas da perda de parte do patrimônio histórico, mesmo daquele que se tornou-se símbolo de um período áureo da história das cidades de São Tomé e Lajes do Cabugi, e que em tese deveria ser preservado para o interesse maior da comunidade à qual pertence. Mesmo em países nos quais existem leis mais rígidas para preservação do patrimônio isso acontece com maior frequência do que se imagina.  No Brasil, também vivemos o drama de perder a cada dia nosso patrimônio arquitetônico. Em todas as regiões do país, construções históricas estão sendo demolidas devido ao abandono por parte de seus donos ou mesmo pela negligência do poder público. Preservar pode ser o caminho mais difícil, mas pode significar uma forma de empreendedorismo por parte da iniciativa privada e de tomada de consciência por parte da comunidade, que reconhece em um edifício, um chafariz, uma ponte ou mesmo uma praça, algo que remeta às suas memórias coletivas e individuais. Em tempos de pensamento neoliberal, torna-se difícil argumentar em prol da preservação. Para quem acredita que tudo deve ser tratado como uma empresa, enxergar o “lucro” em um centro cultural ou em um museu pode ser difícil, enquanto demolir e capitalizar o terreno, muito tentador.

 

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