quarta-feira, 30 de março de 2016

Máfia da merenda

“Yousseff” do merendão do PSDB deve se entregar na quinta, 31

Foragido desde janeiro, principal lobista da máfia da merenda não quer delatar nomes de políticos
por Henrique Beirangê — publicado 30/03/2016 15h22, última modificação 30/03/2016 15h40
Roberto Navarro/ALESP
Fachada da Assembleia Legislativa de São Paulo
Ex-presidente da Alesp, Leonel Julio, foi preso como suspeito de envolvimento na máfia da merenda
O lobista Marcel Ferreira Júlio, principal elo entre a administração paulista e máfia da merenda, deve se entregar na manhã de quinta-feira, 31, em Bebedouro, interior de São Paulo. Marcel está foragido desde o início do ano quando foi deflagrada a operação Alba Branca, que apura desvios de ao menos 25 milhões de reais, só no ano passado, dos cofres públicos paulista.
O lobista era encarregado dos contatos com a Casa Civil, a Educação e a Secretaria de Agricultura do governo Geraldo Alckmin para a elaboração de contratos fraudados de suco de laranja. O lobista é visto entre os investigadores como a caixa-preta do esquema. A força-tarefa avalia que Marcel está para a máfia da merenda como o doleiro Alberto Yousseff está para aoperação Lava Jato.
Marcel decidiu se entregar depois que o pai, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Leonel Júlio ter sido preso ontem, apontado como um dos envolvidos no esquema. Caberia a Leonel a aproximação política com prefeituras de São Paulo para a celebração de fraudes na merenda escolar. A investigação aponta que ao menos 22 administrações municipais também estariam envolvidas. 
Leonel Julio
Leonel Julio foi presidente da Alesp na década de 1970
Para o lobista se entregar, a defesa quer uma serie de regalias. Entre elas, que seja solto após prestar depoimento e que a imprensa não tenha acesso ao local da oitiva. O lobista já deu indicativos de que não pretende entregar o nome de políticos envolvidos no esquema.  Com isso, a força-tarefa ainda não sabe se aceitará os termos de Marcel para que sua prisão preventiva seja suspensa.
As escutas telefônicas mostram que o apetite dos merendeiros não se restringiu a São Paulo. O objetivo era estender a fraude pelo interior do Nordeste, Rio de Janeiro, Paraná e Salvador. A sequência de diálogos grampeados durante a Operação Alba Branca mostra que os dirigentes da Coaf, sediada em Bebedouro, interior paulista, citam nome de políticos que estariam por trás da “exportação” do merendão. Entre eles, o aliado do vice-presidente Michel Temer, o deputado federal Baleira Rossi.
 Em uma das interceptações, os investigados afirmam que um membro da executiva do PMDB paulista era próximo a “Michel” e que ajudaria a “abrir muitas portas”.
Até o momento foram citados em depoimentos e interceptações telefônicas os nomes do ex-secretário da Casa Civil, Edson Aparecido; da Agricultura, Arnaldo Jardim; de Logística e Transportes, Duarte Nogueira e do ex-secretário de Educação Herman Voorwald. A operação apura o envolvimento direto do tucano e presidente da Assembleia paulista Fernando Capez, de Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB), deputados federais, e Luiz Carlos Gondim (SD), deputado estadual. Todos negam as acusações.  

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