quinta-feira, 17 de março de 2016

Crise Política

Dilma: "A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo"

Em posse de Lula na Casa Civil, presidenta endurece discurso contra a oposição e critica grampos e vazamentos
por Redação — publicado 17/03/2016 12h42, última modificação 17/03/2016 13h07

Ichiro Guerra/PR/Fotos Publicas
Posse de Lula como ministro da Casa Civil
Em clima de acirramento, Lula foi empossado hoje na Casa Civil
Em um dos momentos de maior acirramento da crise política brasileira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse nesta quinta-feira 17, em Brasília, como ministro-chefe da Casa Civil.
Em seu discurso mais duro até então, intercalado por gritos dos parlamentares e convidados presentes de "não vai ter golpe", Dilma Rousseff disse que "a gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo e não vai colocar o povo de joelhos". O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), não compareceu à cerimônia de posse.
A gravação de uma ligação entre Dilma e Lula, feita por investigadores da Operação Lava Jato e divulgada na quarta-feira 16, incendiou ainda mais a crise política, gerando protestos contra Dilma, Lula e o governo em diversas cidades brasileiras.
Lembrando o respeito à liberdade de manifestação, Dilma afirmou em seu discurso que defenderá a busca da verdade e os "princípios necessários para termos uma sociedade cada vez mais livre da corrupção". "Convulsionar a sociedade em cima de métodos escusos viola princípios e garantias constitucionais e abre precedentes gravíssimos. Os golpes começam assim". 
Na manhã desta quinta 17, foi protocolado pelo PSB no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação contra a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil. O documento trata-se de uma Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, com o pedido de uma liminar que pede o cancelamento do termo de posse.
O juiz federal Itagiba Catta Preta Neto concedeu a liminar, tornando sem efeito a posse de Lula na Casa Civil. A nomeação pode indicar o cometimento ou tentativa de crime de responsabilidade, segundo o juiz.
No discurso, a presidente também afirmou que a Justiça será mais justa quando seus agentes agirem com retidão e criticou a atuação da força-tarefa da Operação Lava Jato com relação à gravação vazada ontem de uma conversa entre Lula e Dilma: "Não há garantias constitucionais quando a presidência da República é violada", disse Dilma, ressaltando que a declaração não se deve ao fato dela ocupar o cargo. "O Brasil não pode se tornar submisso a uma corporação que viola as prerrogativas constitucionais da presidência. Se fazem isso com a presidência, o que farão com os outros cidadãos?",
Para Dilma, investigações baseadas em grampos ilegais não favorecem a democracia nesse país. Quando isso acontece, afirmou a presidente, fica nítida a tentativa de ultrapassar o limite do Estado democrático de Direito e de cruzar a fronteira clara que construímos e resistimos, a fronteira com o Estado de exceção.
Além de Lula, foram empossados hoje o subprocurador da República Eugênio Aragão, como ministro da Justiça, e Mauro Lopes (PMDB), como ministro da Aviação Civil. A nomeação do político do PMDB foi utilizada por Michel Temer para justificar a sua ausência na cerimônia, já que o partido teria decidido não aceitar novos cargos no governo Dilma pelos próximos 30 dias. O PMDB afirmou que o processo de expulsão do deputado Mauro Lopes começará a ser discutido amanhã.

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