quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cheiro da água preocupa moradores de Itu (SP); empresa recomenda não beber
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Fabiana Marchezi
Do UOL, em Campinas (SP)
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  • Wanderson Faustino/Arquivo Pessoal
    À esquerda, um copo com água retirada de uma torneira de uma residência de Itu; à direita, um copo com água mineral
    À esquerda, um copo com água retirada de uma torneira de uma residência de Itu; à direita, um copo com água mineral
Além do rigoroso racionamento de água que afeta os moradores de Itu (101 km de São Paulo) desde fevereiro, outro problema vem tirando o sono da população: a qualidade da água que sai das torneiras das casas.
Segundo os moradores, além da escassez da água, quando chega, o líquido está turvo e malcheiroso.
A concessionária Águas de Itu, responsável pelo abastecimento na cidade, garante que não há risco de contaminação, mas recomenda que a água não seja ingerida por conta da quantidade de cloro e flúor sedimentada na tubulação, o que muda a cor e o cheiro da água.
Apesar de moradores de diversos bairros relatarem que o problema ocorre há algum tempo, a concessionária alega que o problema é pontual e está sendo solucionado.
Também informou, em nota, que foi causado por serviços de manutenção na rede. "O problema na região ocorreu devido a um arraste de rede no momento que abriu-se o abastecimento, anteriormente fechado para manutenção em um ponto da rede".
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Falta de chuvas afeta abastecimento de água em São Paulo97 fotos

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30.jul.2014 - Com a falta de chuva, a represa reserva Jaguari-Jacareí na cidade de Vargem, no interior de São Paulo, apresenta índice, que mede o volume de água armazenado no Sistema Cantareira, de apenas 15,6% da capacidade total Luis Moura/Parceiro/Agência O Globo
Ainda segundo o comunicado, "já foram efetuadas descargas na rede do bairro todo e programamos melhorias [instalações de novos pontos de descarga para efetuar limpeza na rede em eventos de manutenção] que estão sendo implantados".
Para o ambientalista Henrique Padovani, o acúmulo de cloro, flúor ou qualquer outro produto químico que possa ser utilizado no tratamento da água a faz imprópria para consumo.
"O ideal é evitar. A água da torneira não é recomendável para consumo em nenhuma situação, independentemente de racionamento ou não. Quando se sabe que há mais cloro e mais flúor do que o habitual não tem o que pensar. Não beba. Não é confiável", recomendou Padovani.

População compra água

Com isso, a população se vira como pode. Alguns compram água mineral, outros recorrem às bicas. Grande parte deixou de usar o produto que sai da torneira, mesmo depois que a água passa por filtros nas casas.
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Estiagem revela velhas construções e lixo acumulado12 fotos

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25.jul.2014 - Trabalhadores da Prefeitura Municipal de Salto retiram entulho do leito seco de um canal do rio Tietê. A prefeitura local aproveitou a estiagem prolongada para fazer remoção de lixo da parte seca do leito do rio Tiête, principal ponto turístico da cidade. Em menos de uma semana de trabalho, três toneladas de entulho já foram retiradas. A meta é que mais duas toneladas seja retiradas nos próximos dias Leia maisDivulgação/Prefeitura Municipal de Salto
"Na minha casa, quando a água chega, vem fraquinha. Agora faz dias que notamos que ela está turva e malcheirosa. Temos comprado água mineral e quando dá pegamos de uma bica no bairro. Tenho um filho de um ano, não vou deixá-lo beber nem tomar banho com essa água", contou a analista comercial Patrícia Cassimiro, 32, que mora na Vila São José.
O técnico em automação Jefferson Fernando, 28, conta que na casa dele nunca tem água e a que sai da torneira só serve para lavar a roupa.
Nem a louça dá pra lavar com água da torneira. Cozinhar, tomar banho e beber é impossível. A água está branca e com mau cheiro", disse. A família chega a consumir cinco galões de 20 litros de água por semana.
Na casa da educadora física Marília Campos, que fica no bairro Alto, região central da cidade, além do mau cheiro e da cor alterados, muitas vezes a água chega com sujeira, como pedrinhas. "Nós até tomamos banho com a água, mas cozinhar e beber, nem pensar. Não tem condições", afirmou Marília.

Falta de água em São Paulo - 8 vídeos

Calamidade

Nesta terça-feira (29), o Ministério Público do Estado de São Paulo recomendou que a prefeitura de Itu decrete estado de calamidade pública devido aos transtornos que a população enfrenta pela falta de água.
Com o racionamento, a população recebe água em dias alternados. Em alguns bairros, o abastecimento ocorre uma vez a cada três dias.
Caso seja decretado o estado de calamidade pública, será possível usar poços particulares e até mesmo contratar serviços de abastecimento --como caminhões-pipa-- sem a necessidade de licitação.
Além disso, o MP instaurou investigação civil para apurar responsabilidades pela falta de água na cidade. A prefeitura informou que está em busca de alternativas para solucionar os problemas de abastecimento.
"Desde que foi notificada, está sendo estudada a melhor maneira para atender as recomendações do Ministério Público, no que cabe ao Poder Executivo", informou o órgão.

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