Mudanças climáticas vão deixar centenas de milhões de pessoas sob risco de inundação
Mudanças climáticas vão deixar
centenas de milhões de pessoas sob risco de inundação
Um mundo mais quente, com nível do mar
mais alto, derretimento das geleiras e maior variabilidade climática vai ser um mundo com centenas
de milhões de pessoas sob risco de inundações, com problema de disponibilidade
hídrica, impacto sobre a segurança alimentar, extinção de espécies.
A reportagem foi publicada pelo
jornal Estado de São Paulo, 24-03-2014.
Essa deve ser uma das principais
mensagem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC)vai trazer ao divulgar a segunda parte do seu quinto relatório de
avaliação daqui a uma semana no Japão. É o que se pode concluir de uma versão
preliminar do “Sumário para Formuladores de Políticas” que vazou na internet há
alguns meses.
Nesta segunda à noite (horário de
Brasília, já manhã de terça no Japão) cientistas e representantes dos
governos começam a se reunir em Yokohama para definir o conteúdo final
desta parte do relatório — um resumo acompanhando de um tom político das
principais conclusões do relatório do grupo de trabalho 2 do IPCC, que
trata de impactos, adaptação e vulnerabilidade dos países às mudanças
climáticas.
O texto é lançado pouco mais de seis
meses depois da divulgação da primeira parte do relatório, que trouxe as bases
físicas da ciência do clima. A mensagem agora é mais enfática sobre o que o aumento da concentração de gases estufas e as mudanças
climáticas que se seguem trazem de impacto para a vida real das pessoas e dos
ecossistemas.
O conteúdo é um pouco parecido com o
que já tinha sido dito no quarto relatório do IPCC, divulgado em 2007.
Mas há uma maior confiança dos cientistas nos alertas que estão sendo feitos e
mais robustez na mensagem.
“Os impactos das mudanças climáticas já estão sendo observados em todo o
mundo”, escrevem os autores no rascunho. “E os impactos dos eventos climáticos extremos observados na última
década, como ondas de calor, secas, inundações, ciclones e incêndios, revelam a
enorme vulnerabilidade dos seres humanos e dos ecossistemas à variabilidade
climática atual.”
Para o futuro, dizem, “as mudanças
climáticas vão amplificar os riscos relacionados ao clima já existentes e criar
novos”. Vão reduzir, por exemplo, a oferta de água renovável na superfície e nas fontes subterrâneas
nas regiões subtropicais mais secas, intensificando a competição por água. A
confiança dos cientistas nesse quesito, medida pela quantidade de pesquisas
científicas publicadas em periódicos indexados, aumentou em relação a 2007. O
dano pode ser maior ou menor, dependendo do grau de adaptação de cada local.
Mas, lembram os cientistas, há limite para a adaptação.
Amazônia e Himalaia
Assim como aconteceu na primeira parte
do quinto relatório, agora no segunda parte os cientistas também aumentaram os
cuidados para evitar erros do passado. Uma menção no quarto relatório sobre o
Himalaia — que dizia que ele derreteria em poucos anos — era proveniente do
comunicado de um ONG, sem rigor científico, e se mostrou errada, o que
abalou a reputação do painel.
O mesmo deve valer para
a Amazônia. Em 2007, com base em um modelo climático, estimou-se que a
floresta perderia metade de sua cobertura, se aproximando mais de uma
savana. Hoje, uma série de novos trabalhos apontam que a floresta pode ser um
pouco mais resiliente do que se imaginava.
“O novo relatório é muito mais
consistente. Talvez os pesquisadores até tenham sido mais contidos, mas o que
aparece agora é mais robusto e traz de modo mais claro o que temos mais certezas
e o que temos menos.Se não existe informação sobre uma coisa, colocamos lá”,
afirma o pesquisador José Antonio Marengo, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais e um dos principais autores do novo relatório.
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529597-mudancas-climaticas-vao-deixar-centenas-de-milhoes-de-pessoas-sob-risco-de-inundacao
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