Você deve ter acompanhado o noticiário nos últimos dias. Muito se falou sobre as articulações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos para defender o pai do julgamento da tentativa de golpe. Articulações essas que acabaram resultando em uma taxação de produtos brasileiros em 50%. Eduardo se afastou do cargo de deputado federal para morar nos Estados Unidos em fevereiro deste ano, mas as conexões dele com a extrema direita norte-americana, inclusive buscando punições ao Brasil, começaram bem antes.
E se você lê a Pública, sabe disso.
Se chegou agora ou não lembra, tá tudo bem. Vamos recordar juntos.
Eduardo foi o escolhido por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, para colocar em prática na América Latina seu projeto de unir a extrema direita global e derrotar a esquerda. Em agosto de 2023, um levantamento da Pública revelou que entre 2018 e 2023, o filho 03 de Jair Bolsonaro fez ao menos 80 reuniões com membros da extrema direita norte-americana. Nesse mesmo período, ele também se reuniu com lideranças da América Latina em mais de 40 oportunidades. E esse foi só o começo.
Também revelamos que, em março de 2024, Eduardo juntou uma comitiva de deputados bolsonaristas e passou cerca de uma semana em Washington para angariar apoio político e tentar convencer os parlamentares republicanos de que o Brasil não seria mais uma democracia. Eles defendiam que os Estados Unidos aprovassem uma lei para penalizar as autoridades brasileiras, sob a justificativa de violação dos direitos de conservadores, e que impusessem sanções ao país. Parece familiar? Pois é, faz mais de um ano.
Pouco depois, em maio de 2024, foi realizada a audiência “Brasil: uma crise de democracia, liberdade e estado de direito?” no Congresso dos Estados Unidos. Articulado por representantes da extrema direita brasileira com o intuito de pregar a existência de uma falsa “ditadura de esquerda” no país, o encontro terminou com atuação forte dos democratas norte-americanos, que puseram em evidência os atos do dia 8 de janeiro em Brasília.
Por causa dessas reportagens publicadas no ano passado, a Pública foi alvo de uma campanha de desinformação e ataques promovidos pelo próprio Eduardo Bolsonaro e seus aliados, como Paulo Figueiredo. Figueiredo expôs e ofendeu nossa repórter, além de incitar seus seguidores a atacá-la.
Eles tentam nos intimidar, mas a gente continua investigando.
No fim de 2024, mostramos que Eduardo Bolsonaro acompanhou a eleição presidencial dos Estados Unidos ao lado de Donald Trump, em seu resort em Palm Beach. A expectativa, tanto de Eduardo quanto de outras lideranças do PL, era de que a vitória de Trump ajudasse a pressionar as autoridades brasileiras e, em especial, o STF.
Outra história que revelamos por aqui, já no início deste ano, foi sobre a relação de Eduardo Bolsonaro com o ex-senador norte-americano Marco Rubio, que assumiu a Secretaria de Estado no governo Trump. Rubio é uma das pessoas de quem Eduardo Bolsonaro tem se aproximado desde 2018.
Há dois meses – antes de Trump anunciar a taxação aos produtos brasileiros –, mostramos que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo estavam articulando sanções contra o STF nos Estados Unidos, com direito a duas visitas à Casa Branca em poucas semanas.
Nesta semana, revelamos que a suspensão dos vistos de ministros do STF, incluindo o de Alexandre de Moraes, já estava sendo articulada há semanas por bolsonaristas junto ao governo de Donald Trump. Além de buscar defender seu pai e retaliar o governo de Lula, as sanções que Eduardo e cia buscam nos EUA, serviriam para pressionar o Congresso brasileiro para anistiar os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Se você já sabia dessa história, é porque, aqui na Pública, a gente não se limita a noticiar os fatos. Nós contextualizamos e documentamos processos históricos.
Esse trabalho requer muita investigação, atenção e paciência. E custa caro. Para investigar a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, por exemplo, tivemos que fazer viagens internacionais.
Você pode nos ajudar a continuar investigando esse e outros processos históricos. Sua contribuição contínua é o que nos permite acompanhar o desenrolar de uma história por tanto tempo. Seja um Aliado da Pública clicando aqui! |
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