Sabe-se muito pouco o que querem de fato essas empresas americanas. Embora haja notícias de que a criação do Pix irritou principalmente a Meta, que esperava que o WhatsApp Pay fosse dominar o mercado brasileiro antes de uma política pública, agora que o Pix domina o mercado – e é usado por bancos, inclusive para fazer empréstimos – não está claro o que as empresas querem que o governo faça para “reduzir” a vantagem competitiva do Pix.
Na semana passada, o economista americano Paul Krugman escreveu em um artigo que o Brasil pode ter inventado o dinheiro do futuro, justamente pela facilidade de usar e pela centralização no Banco Central. “Mas o Pix é muito mais fácil de usar. E, embora o Zelle seja grande, o Pix se tornou simplesmente enorme, sendo usado por 93% dos adultos brasileiros. Parece estar rapidamente substituindo dinheiro em espécie e cartões", diz.
O que está claro é que o Pix, desde o governo Bolsonaro, tem sido usado como um dos poucos avanços tecnológicos do bem que o Brasil tem compartilhado amplamente com outros países. “É um sucesso, um exemplo para o mundo. Muita gente vem para o Brasil para ver como fazer”, afirmou Alckmin.
É fato. Em 2022, o então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o banco iria abrir os protocolos do Pix para quaisquer bancos centrais copiarem de graça. O Pix já é aceito na Argentina, no México, e em outros países vizinhos, e existem startups regionais trabalhando para fazer a ligação entre sistemas de pagamentos locais e o Pix.
Internamente, além da frustração dos planos da Meta de adotar o velho “winner takes all”, controlando o mercado de pagamentos instantâneos com o WhatsApp Pay, o Pix causou dor de cabeças para as empresas de cartões do crédito, que perderam a liderança de dos pagamentos para compras pela internet, por exemplo. No ano passado, as transações em Pix ultrapassaram pagamentos em boleto, cartões e cheques. Em todas essas modalidades, os bancos e operadoras ganhavam uma porcentagem da transação.
Mas, como sempre, o buraco é mais embaixo.
Assim como o UPI (Unified Payments Interface), sistema de pagamento desenvolvido pela Corporação Nacional da Índia, que hoje é aceito em dezenas de países e tem mais de meio bilhão de usuários, o Pix tem grande potencial para se tornar um modo de pagamento regional – ampliando a influência brasileira, algo que, como sabemos, sempre incomodou os Estados Unidos.
Trata-se de mais um capítulo na frente de batalha que tem as criptomoedas como componente importante nas ações do governo Trump: o futuro do dinheiro no mundo digital, e quem vai mandar nele. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário