Lula em AltamiraQuando entrevistamos o presidente Lula, ainda na prisão, em outubro de 2019, ele fez uma promessa: “Quando eu sair daqui, pode ficar certo que eu vou a Altamira”.
A afirmação veio depois de uma série de perguntas duras sobre Belo Monte, a hidrelétrica que selou o descasamento do governo Lula com os compromissos socioambientais representados pela então ministra Marina Silva, que terminou por deixar o Ministério do Meio Ambiente em 2008 e, em seguida, o PT.
Embora Lula tenha defendido a construção da Usina na mesma entrevista, alegando que tudo havia sido feito “com cuidado”, sentimos o ex-presidente balançar quando falamos da expulsão de ribeirinhos e indígenas para Altamira, assolada por níveis inéditos de violência e pobreza em consequência da obra. “Altamira virou uma favela, mas aí não é culpa da hidrelétrica. É culpa do modelo de desenvolvimento”, concedeu.
Daí a promessa de visitar a cidade paraense.
Relembro o conflito e a promessa porque tornam ainda mais grandiosa a presença de Lula e Marina, juntos, na COP-27. A julgar pelo discurso do presidente eleito, o tempo deu razão a Marina, e ele não se negou a aprender. Como me disse uma fonte próxima de Lula: “Em relação ao modelo de desenvolvimento, a cabeça do Lula era uma em 2003 e outra agora. Eu diria que o conflito que ele teve com a Marina será muito menor”.
O próprio Lula disse, no mesmo discurso, “a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo”. Uma lição que os indígenas não cansam de repetir e o novo governo parece estar disposto a aprender, como revela esse outro trecho de sua fala: “Os povos originários e aqueles que residem na região amazônica devem ser os protagonistas da sua preservação. Os 28 milhões de brasileiros que moram na Amazônia têm que ser os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento local sustentável, não de um modelo que ao destruir a floresta gera pouca e efêmera riqueza para poucos, e prejuízo ambiental para muitos”.
É desse compromisso que depende o futuro da floresta, do país, do mundo. E talvez aquele que o governo tenha maior dificuldade de cumprir. Estaremos torcendo, mas de olhos e ouvidos bem abertos. Visite Altamira, Lula! |
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