Bolsonaro, o gesto da arma na Marcha para Jesus e a risada cafajeste dos pastores. Por Daniel Trevisan

Há muito pouco a escrever a respeito do
gesto que Jair Bolsonaro fez durante a Marcha para Jesus, em São Paulo.
Ele simulou executar alguém caído, e essa imagem diz tudo. Não há nada
mais anticristão: atirar em alguém caído.
Mas, ao se observarem detalhes
dessa cena com mais atenção, vai se perceber que a igreja evangélica
presente nesse evento emite outros sinais de que se transformou em
qualquer coisa menos portadora do que se entende por mensagem do
evangelho.
E não se está falando da logomarca da
Marcha, que parece um pênis dourado sendo masturbado. Não é isso, ao
contrário do que notaram internautas na rede social que pensam que
evangélicos não têm desejo sexual e o imaginam como seres angelicais.
Ou pelo menos exigem que assim pareçam. A
imagem do pênis dourado está na cabeça de quem vê ou, vá lá, parece
mesmo, mas foi só o descuido do desenhista, e dos pastores que aprovaram
a imagem. Não viram direito.
O que chama a atenção na foto é o sorriso
de cafajeste que os líderes na igreja dão quando Bolsonaro simula matar
alguém. Bispa Sônia tinha acabado de repetir o slogan da campanha
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e destacava qualidades que
ele diz enxergar no convidado de honra:
“Pela primeira vez na presidência do
Brasil, a família foi honrada, o presidente subiu ao palanque com a sua
esposa e deu voz à sua esposa”.
Já ninguém ouvia a bispa. Todos riam um
sorriso largo, gostoso, com Bolsonaro, todos eles vestindo camisa
Lacoste, bem diferente da marca da camiseta que o crente usava lá
embaixo.
Assim é a liderança, assim é o rebanho. Rebanho pobre ou remediado, pastores milionários.
Seus líderes, que conhecem o texto
bíblico, certamente, não acreditam no que leem, pois devem saber o que
Pedro escreveu, dois mil anos atrás:
Muitos seguirão seus falsos ensinos e
práticas libertinas, e por causa dessas pessoas, haverá difamação contra
o Caminho da Verdade. Movidos por
sórdida ganância, tais mestres os explorarão com suas lendas e
artimanhas. Todavia, sua condenação desde há muito tempo paira sobre
eles, e sua destruição já está em processo.
Ao serem confrontados por textos assim,
os líderes devem rir bastante. Do contrário, teriam se escandalizados
com a mensagem de violência implícita no gesto de Bolsonaro, o
presidente que, gostosamente, ajudaram a eleger e a quem apoiam, também
gostosamente.
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