domingo, 25 de agosto de 2013

Bolívia descarta ruptura com Brasil, mas quer relatório sobre fuga de senador

Do UOL, em São Paulo*
  • Jorge Bernal/AGP
    Senador da oposição boliviana Roger Pinto, que pediu de asilo político ao Brasil Senador da oposição boliviana Roger Pinto, que pediu de asilo político ao Brasil
O governo da Bolívia afirmou neste domingo (25) que a chegada do senador boliviano Roger Pinto Molina ao Brasil não afetará a relação bilateral dos países, mas espera uma explicação de Brasília sobre o caso.
Pinto, que estava abrigado há 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, desembarcou em Brasília, na madrugada de hoje, em um jatinho particular vindo de Corumbá (MS) e acompanhado do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
A ministra da Comunicação boliviana, Amanda Davila, ressaltou que a relação entre os países continuará "em absoluto calor e respeito". Evo Morales evitou falar sobre o assunto em seu discurso, mas fontes oficiais disseram que o governante está "obviamente surpreendido" com o que aconteceu.
"Este caso não afetará as relações com o Brasil. As relações entre a Bolívia e o Brasil serão mantidas em situação de absoluta cordialidade e respeito. O governo boliviano e o presidente Evo Morales sempre manifestaram todo o seu carinho e respeito por todo à presidenta Dilma Rousseff e ao governo brasileiro", disse Davila.
A ministra boliviana frisou que o senador de oposição está envolvido em, pelo menos, 14 crimes e tem manipulado as informações para dificultar as relações da Bolívia com o Brasil.
Ainda assim o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, afirmou que "não há uma ruptura nas relações bilaterais". E citou casos de políticos bolivianos que fugiram para o Paraguai e para os Estados Unidos, quando não houve qualquer crise diplomática, para justificar sua afirmação.
"Com o Brasil temos que ser muito prudentes. O que é Roger Pinto no meio de uma dinâmica comercial de US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões? O que é Roger Pinto? Um suspiro no ar. Não se deve dar mais voo do que tem", disse.
O governo boliviano também disse que o Brasil deve explicar como ocorreu a fuga do senador, que não tinha permissão legal para deixar a embaixada brasileira e tinha quatro ordens judiciais que impediam sua saída do país.
A Bolívia, segundo Quintana, deseja que o Brasil explique o caso por vias diplomáticas, pois não acredita na versão do uso de um veículo oficial e do acompanhamento de militares brasileiros na saída de Roger Pinto.
Quintana também descartou uma possível solicitação de extradição, mas afirmou que Pinto fugiu como um "criminoso comum" e que a promotoria boliviana é quem deve pedir sua captura para a Interpol.

Itamaraty abre inquérito

O Ministério das Relações Exteriores informou que não tinha conhecimentos da chegada de Pinto ao Brasil. Em nota, o órgão disse ainda que vai abrir um inquérito para apurar o caso.
O Itamaraty relatou que foi informado do desembarque de Pinto no sábado (24), mesma data do ingresso do político em território brasileiro. Diante da circunstância, o ministério disse que convocou o encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, para prestar esclarecimentos.

Senador é acusado de corrupção

Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012. Após dez dias de ser recebido na embaixada, o governo brasileiro concedeu ao senador o status de asilado político.
Em junho, o político foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano, que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse dias depois que o governo da presidente Dilma Rousseff "garantia" a segurança do senador boliviano.
Ao desembarcar em Brasília, Pinto agradeceu às autoridades brasileiras, mas evitou comentar a sua vinda ao país sem o salvo-conduto do governo boliviano, que seria necessário para a viagem. "Devo agradecer uma vez mais a todo o Brasil e as suas autoridades. (...) Em um momento oportuno, uma vez que conheço a decisão das autoridades, poderei me pronunciar mais."
O chanceler também explicou que o governo prosseguia com negociações "confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar solucionar a situação. (*Com agências internacionais)

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