Ex-secretário que disse que povo "tem que se f..." chora e diz ser "um homem que ajuda a todos"
Renan Antunes de Oliveira
Do UOL, em Florianópolis
Do UOL, em Florianópolis
- Renan Antunes de Oliveira/UOL
Ex-secretário de Obras de Blumenau Alexandre Brollo durante entrevista ao UOL em Florianópolis
"Estou de pé apenas para provar minha inocência, porque o golpe na minha carreira foi muito forte." Ele chorou três vezes durante a conversa com a reportagem do UOL, em uma cafeteria, na qual se disse "um homem que ajuda a todos que pedem, sou amigo". Ele foi flagrado em uma conversa interceptada com autorização judicial dizendo que o "povo tem que se foder".
Brollo só concordou em ser fotografado e dar entrevista para se defender das acusações porque queria "mostrar que não sou o bandido que andam dizendo". Ele estava acompanhado do advogado Dênio Scottini. Antes de falar, ressalvou que não entraria em detalhes das acusações sem o consentimento de Scottini.
Ele lembra que na tragédia dos deslizamentos de 2008 que mataram 15 pessoas passou um mês dormindo no meio dos escombros, trabalhando para estabilizar a área atingida. "Mas o que sobra da minha carreira é uma história de fraude", afirmou. Neste ponto, ele chorou pela primeira vez. O ex-secretário afirmou que trabalhou nove anos como engenheiro da prefeitura (ele é formado pela Fundação Universitária de Blumenau). Disse que conhece "como poucos os problemas urbanos da cidade". "Comecei na manutenção, arrumando buracos na ruas, até chegar a secretário [há quatro anos]", afirmou.
Brollo disse que não é um homem rico. "Tenho uma casa geminada pela qual paguei R$ 115 mil, em 2005, onde moro com minha mulher [também engenheira da prefeitura] e minhas duas filhas pequenas [de 2 e 5 anos]. Tenho um carro ano 2010. Ninguém pode dizer que roubei milhões, né?".
Ex-secretário de Blumenau (SC) diz que 'povo tem que se foder'; ouça
A segunda vez em que o secretário chorou foi quando tentou explicar a gravação na qual disse que o povo "tem que se foder".
Durante a entrevista Brollo fica sabendo que uma rádio de sua cidade está reproduzindo naquele momento os mesmos diálogos e chora pela terceira vez. "É injusto que toda uma vida de serviço ao povo fique enlameada". O advogado o ajuda a se recompor, servindo-lhe água mineral.
Entenda o esquema:
Eduardo Jacomel escondido
Brollo foi à cafeteria, onde encontrou a reportagem do UOL, sozinho, mas o ex-presidente da URB Eduardo Jacomel estava com ele até momentos antes da entrevista. Jacomel preferiu não falar. Telefonemas entre ele, Brollo e Scottini foram trocados, mas Jacomel se recusou a aparecer. Scottini disse que Jacomel está sendo orientado por outro advogado e que preferiu não se defender das acusações naquele momento.
Scottini disse que já conversou com 39 das pessoas citadas na investigação, embora defenda apenas três. Ele disse que também é advogado pessoal do ex-prefeito de Blumenau e atual presidente do Badesc João Paulo Kleinubing. Explicou sua ligação com os envolvidos por conhecer bem a política de Blumenau, por ter sido durante cinco anos tesoureiro do partido DEM --hoje está só advogando.
O advogado disse que defende Brollo apenas por amizade
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