sexta-feira, 17 de maio de 2013

PEEMEDEBISTAS ADMITEM PROBLEMA EM ARTICULAÇÃO POLITICA DO PLANALTO

Peemedebistas admitem problema em articulação política do Planalto
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Depois da batalha do governo no Congresso para aprovar a Medida Provisória dos Portos, integrantes do PMDB admitiram nesta sexta-feira problemas na interlocução entre o Palácio do Planalto e a sigla.
Para o senador Romero Jucá (PMDB-RR), as ministras Gleisi Hofmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), responsáveis pela articulação política do governo, precisam ampliar o diálogo com o PMDB da Câmara depois da votação da MP dos Portos --para que a unidade da base de apoio da presidente Dilma Rousseff seja restabelecida.
MP dos Portos precisa ser 'adequada', diz ministra
A poucas horas do prazo, Senado aprova MP dos Portos
"Não conversei com ninguém do Planalto, mas a coordenação política do Planalto precisa trabalhar a base da Câmara, é importante fortalecer a união. Na política, há sempre disputa e posições políticas divergentes", afirmou.
Sem o apoio de parte de seus aliados na Câmara, o governo sofreu conseguir aprovar a medida provisória a tempo de ela não perder a validade, o que aconteceria nesta sexta-feira (17). Para aprovar a medida, enviada em dezembro, o governo negociou a liberação R$ 1 bilhão em emendas parlamentares, prometeu cargos federais e pediu que sua tropa de choque no Congresso atropelasse os prazos normais para apreciação da matéria.
Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente do Senado, Renan Calheiros, cumprimenta o relator da MP dos Portos e lider do PMDB, Eduardo Braga, ao lado do senador Romero Jucá
O presidente do Senado, Renan Calheiros, cumprimenta o lider do PMDB, Eduardo Braga, ao lado do senador Romero Jucá

Além disso, para aprová-la na Câmara após a obstrução dos opositores, o governo teve que ceder e aceitar alterações de modificação de texto propostas pelo PMDB, principal aliado da presidente Dilma no Congresso.
Jucá disse que o diálogo poderá "reunificar a base e rearticular a união" das siglas que apoiam o governo na Câmara.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ver como "natural" a divergência entre correntes do PMDB e o governo.
"O partido é muito grande, tem muitas correntes e é natural que as correntes divirjam entre si dentro do próprio partido, com o governo também. O fundamental é manter a coerência do apoio ao Brasil, não ter dúvida, não ter crise existencial. Está em jogo o interesse nacional, lá estará o PMDB majoritariamente a defendê-lo", afirmou.
Mesmo admitindo as divergências, Renan minimizou os embates do partido com o PT e aliados na Câmara durante a votação. O senador afirmou que PT e PMDB vivem "o melhor momento da aliança política", apesar da nítida divergência demonstrada entre os deputados das siglas.
"Do ponto de vista da aliança política, nós vivemos o melhor momento. O que importa é o resultado, é que o Congresso Nacional aprovou a medida provisória que moderniza os portos, era isso que a sociedade queria. A aliança está posta, consolidada, nós estamos vivendo do ponto de vista da aliança, um grande momento."
Jucá também minimizou a divergência do PMDB da Câmara com o governo ao afirmar que o partido sai unido do episódio MP dos Portos. "Teve discussões na Câmara, mas o PMDB terminou marcando posição a favor e ajudando na aprovação da MP, haja visto o desempenho do presidente da Câmara, que é do PMDB, conduzindo sessões na madrugada, buscando entendimentos."
Jucá afirmou que o PMDB foi "decisivo" para a aprovação da medida provisória também no Senado, com a condução da sessão por Renan a poucas horas da matéria perder a validade. A agilidade de Renan no comando do Senado permitiu que a MP não caducasse, com a quebra de prazos e o encerramento de discussões para acelerar o processo de votação.
VETOS
Para Jucá, o primeiro passo na retomada do diálogo do governo com o PMDB é a discussão sobre os vetos de Dilma à Medida Provisória dos Portos. O peemedebista defende "quanto menos veto, melhor" para evitar novas retaliações dos peemedebistas em votações na Câmara.
O governo teve que ceder ao PMDB e incluir no texto mudanças sugeridas pelo partido, em especial pelo líder, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para aprovar a matéria. Foram mais de 40 horas de discussões até que os deputados aprovassem a proposta.
"Acho possível procurar entendimento. Cabe às ministras Gleisi e Ideli articularem junto com as lideranças no sentido de verificar tudo o que pode ser aproveitado nessa proposta. Quanto menos veto, melhor. Essa questão deve ser levada em conta", afirmou.
Para Renan, a presidente tem o "direito constitucional" de impor vetos à MP, mas cabe ao Congresso colocá-los em votação depois de executados pelo Palácio do Planalto ---em um recado de que o Legislativo poderá retomar o texto da MP aprovado ontem. "A Constituição garante a presidente fazer o veto que ela imaginar que deva fazer. Garante também ao Congresso Nacional apreciar esses vetos. Nós já fizemos isso em relação aos vetos do pré-sal", afirmou.
Renan disse que vai convocar uma sessão do Congresso Nacional para declarar prejudicados parte dos mais de mil vetos que esperam pela análise do Congresso. "Marcarmos na sequência uma reunião com os líderes partidários para que os líderes estabeleçam as prioridades dos vetos que serão apreciados", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário