Para manter redução da conta de energia, governo usará MP da desoneração da cesta básica
Camila Campanerut
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília
- Pedro Ladeira/Folhapress
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante anúncio sobre como será mantida a redução na tarifa de energia
A proposta foi de incluir o conteúdo da MP em outra proposta que está tramitando dentro do prazo no Congresso Nacional. A MP escolhida foi a 609, aprovada ontem na Câmara, que trata da desoneração da cesta básica.
A ideia é que a MP 609 seja votada na terça-feira (4) pela comissão mista e na quarta-feira (5) pelo Plenário.
"Para cobrir uma lacuna que ficará entre a perda da vigência da MP 605 e a aprovação da MP 609, o governo vai editar um decreto a partir de hoje antecipando a possibilidade de usar os recursos da CDE, da Conta de Desenvolvimento Energético, para cobrir o equilíbrio de custos do sistema elétrico e garantir, portanto, as reduções de custos da conta de luz", explicou a ministra, que já havia dito que a redução não corria risco.
MP 605 caducou por decisão de Renan Calheiros
O Senado deixou caducar a MP 605 porque o presidente da Casa Legislativa, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu ontem (28) não ler a medida provisória no plenário da Casa por ter se comprometido durante a votação da MP dos Portos que não votaria mais medidas provisórias que chegassem para análise dos senadores com menos de sete dias de prazo para vencer.A discussão no Senado sobre o assunto seguiu até depois das 23h da terça-feira (28), mas predominou o posicionamento de Calheiros, com o apoio de senadores do PSDB e do PSOL. Os governistas foram contrários e pediram ajuda ao governo.
Segundo Gleisi, outras informações sobre o assunto serão dadas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que deverá conceder entrevista ainda hoje.
Dilma anuncia antecipação na redução da conta de luz em janeiro
Além da MP 605, outra medida provisória que não foi recebida pelos senadores foi a 601, que desonera a folha de pagamento de vários setores da economia.
Com relação a qual estratégia o governo adotará para manter o assunto em tramitação pelo Congresso, o ministro Guido Mantega (Fazenda) deverá se pronunciar sobre o tema ainda hoje ou na próxima segunda-feira.
Redução na conta de luz é bandeira do governo
A redução na conta de luz foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, em janeiro deste ano. É possível que o corte nas tarifas de energia elétrica seja utilizado pelo governo como bandeira de campanha no ano que vem, quando Dilma deverá tentar a reeleição.O desconto médio para consumidores residenciais ficou em 20%. Para as indústrias, o corte foi de 32%.
A queda no valor das tarifas foi consequência das negociações do governo com as concessionárias de energia, que tinham contratos com vencimento entre 2015 e 2017. A prorrogação desses contratos se deu com a exigência, por parte do governo, para que elas baixassem os valores cobrados. Em contrapartida, o governo reduziu os encargos do setor.
Falta de articulação do governo
Gleisi não falou abertamente sobre uma possível falta de articulação política na relação do Planalto com o Congresso, que deveria ser conduzida pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti."Eu só vim comunicar [a decisão da troca das MPs] porque a ministra [Ideli] não está aqui. Ela está no Tocantins. O colégio de líderes se reuniu, conversou com ela, e ela me ligou. Eu conversei com o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) e a proposta foi essa", disse Gleisi.
"O governo achou um bom encaminhamento. O que nós tivemos foi uma questão de prazo, como disse o presidente do Senado: foi uma questão matemática, infelizmente não deu prazo que o Senado tinha se autoestabelecido para apreciar uma medida provisória", afirmou a ministra em rápido comunicado à imprensa.
Ampliar
Depois de seguidas derrotas no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff vem sofrendo pressão para substituir sua equipe de negociação com o Legislativo. Cinco das últimas dez propostas encaminhadas pelo governo ao Parlamento foram rejeitadas. No caso mais recente, o da MP dos Portos, que veio sofrendo obstrução em plenário apesar das negociações com líderes de partidos, a medida, após aprovação na Câmara, pode perder a validade caso não seja votada até a meia-noite desta quinta-feira (16) pelo Senado Leia mais Arte/UOL
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