quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O PROBLEMA DA MUDANÇA (EGS,pp.36-49)

O grande  problema metafisico do início do séc. V a.C. era o problema da mudança: como é possível algo mudar, e deixa de ser o que era?
Heráclito de Éfeso (500 a. C.) salientava que tudo estava sujeito a mudanças: "panta rhei" (tudo flui).Explorava exemplos, como o da corda tensionada, que indicava que por trás de um repouso aparente havia uma interação entre contrários, que finalmente podia levar ao movimento ( no caso, quando a corda é solta).

Parmênides de Eléia (480 a.C.) tomava uma opinião oposta. Mais do que qualquer pensador antes dele, Parmênides duvidava da evidência dos sentidos, colocando a razão, como única fonte confiável de conhecimento. Em seu famoso poema, salientou que " o que é não pode deixar de ser", ou que "do não-ser não pode surgir o ser". Em suma, a mudança é impossível. As mudanças que vemos à nossa volta são apenas aparentes, não são reais. Após as conclusões de Parmênides, todos os filósofos gregos tinham que tomar uma posição em relação às suas teses.

Empédocles de Agrigento (445 a. C.), por exemplo, concordava com as limitaçóes do sentido, mas também argumentava que a razão era limitada. Empédocles concordava que "nada pode vir a ser a partir do não-ser", mas restaurava a noção de mudança negando a unicidade de ser: haveria quatro elementos, terra, água,ar e fogo, que produzem ao se recombinarem e separarem. Para responder à questão de como apenas quatro "raízes" podiam levar a uma multiplicidade de diferentes substâncias, lançou a idéia de que os elementos se combinariam em diferentes proporções, dependendo da substância. Assim, por exemplo, o osso consistiria de fogo, água e terra na proporção 4:2:2, ao passo que o sangue consistiria dos elementos em iguais proporções. Não efetuou, no entanto, nenhuma investigação empírica metódica para explorar sua idéia, que antecipou (de modo especulativo) a lei das proporções fixas da quimica moderna.

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