Lideranças indígenas protestam em NY: ‘dia de terror’

A
Amazônia é um patrimônio da humanidade e Jair Bolsonaro usa a ideia de
integração dos povos indígenas ao resto da sociedade para não demarcar
terras, afirmaram quatro representantes de nações indígenas brasileiras
em Nova York, nesta terça-feira (24), para se opor ao discurso do
presidente do Brasil na ONU.
“Foi um dia de terror para o Brasil, e para todos os povos indígenas do Brasil e do mundo. Bolsonaro fez discurso de intolerância e truculência”, disse Sonia Guajajara, uma das lideranças presentes.
“Bolsonaro nos chamou hoje de animais das cavernas e ainda desrespeitou nosso grande líder, indicado ao Nobel da Paz, o cacique Raoni”, acrescentou.
“Com esse discurso, se colocou mundialmente como uma ameaça concreta à Amazônia, e ainda se coloca como porta-voz do agronegócio, da exploração mineral com essa visão e mentalidade do século 19”, criticou Sonia Guajajara.
“Estamos aqui pra dizer que a gente não tem medo do governo Bolsonaro, mesmo com as nossas terras sendo tomadas, nossas florestas sendo queimadas. (…) Bolsonaro mente. Seu governo destrói o meio ambiente, explora nossa biodiversidade e os nossos conhecimentos tradicionais. E permite que mineradores e hidrelétricas avancem sobre os nossos territórios” – Sonia Guajajara
Além
de Sonia Guajajara, outros três representantes estavam presentes –
Dinamam Tuxá, Cris Pankararu e Artemisa Xakriaba. Os quatro fazem parte
da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
O cacique Raoni era aguardado para o evento, mas, de acordo com a organização, se sentiu mal e decidiu não participar.
Sônia
Guajajara afirmou também que a representante dos povos indígenas que
esteve na ONU com Bolsonaro, Ysani Kalapalo, não tem legitimidade nem
para representar a sua própria nação.
“Nós, povos indígenas no Brasil, somos diversos, são 305 povos. Não podemos exigir que todos tenham o mesmo pensamento. Ela pode ser alguém que representa o governo dela, não os indígenas”, afirmou.
Guajajara
foi candidata a vice-presidente na chapa do PSOL, encabeçada por
Guilherme Boulos nas eleições de 2018, vencidas por Bolsonaro.
Defesa de Raoni
Bolsonaro,
em seu discurso na ONU, afirmou que, “muitas vezes”, líderes indígenas
como o cacique Raoni, são “usados como peça de manobra” por governos
estrangeiros. Ele não citou quais seriam os governos, contudo,
recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel
Macron.
“Não estamos sendo usados por ninguém, estamos atendendo o clamor da mãe terra”, disse Sonia Guajajara. Ela afirmou que a sugestão de que os povos indígenas são usados era uma prática da ditadura.
Por
fim, ela atacou a carta dos agricultores indígenas citada por
Bolsonaro, que ela classificou como falsa. “É uma lista de
representantes que participaram de uma audiência pública que aconteceu
no Congresso em 2018”, disse.
Dinamam
Tuxá, um dos quatro presentes na coletiva, afirmou que os indígenas têm
uma maneira tradicional de viver, e que se trata do modelo mais efetivo
para proteger todos os biomas. “Se se quer ter a certeza da proteção,
faça a demarcação”, disse.
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