Temer e Ranieri, o presidente-modess
Aragão descreve dois trapaceiros
publicado
26/12/2016

O mandato deles é tampão
O Conversa Afiada reproduz texto do ex-Ministro da Justiça (Dilma acertou por último) Eugênio Aragão:
O que estes dois homens têm em comum?
Michel Temer e Ranieri Mazzilli foram premiados pela mesma circunstância
excepcional para chegarem ao poder: a situação de emergência política. A
breve passagem de Ranieri na presidência interina a partir de 2 de
abril de 1964, após o golpe desferido contra o Presidente constitucional
João Goulart, rendeu-lhe o curioso apelido de "presidente-modess",
aquele que fica no melhor lugar, nos piores dias, só para evitar o
derramamento de sangue. O destino não foi clemente com Ranieri. Em menos
de duas semanas, premido pela junta militar, deixaria o lugar para o
General Humberto Castelo Branco, "eleito" pelo Congresso Nacional. Já
para Michel Temer, o destino se fez ébrio: premiou sua traição e lhe
entregou uma responsabilidade muito além do que seu minúsculo tamanho
pode suportar. Permitiu-lhe corromper o exercício do poder republicano,
vangloriando-se de que ser impopular, para ele, seria uma vantagem,
porque poderia empurrar à sociedade medidas amplamente rejeitadas, sem
se preocupar com a opinião pública. Além de traidor, golpista e
indigente intelectual e tecnicamente, mostrou um caráter autoritário que
lhe dispensa repassar o poder aos militares. Mas, assim como Ranieri,
sentou-se, por um golpe e uma trapaça, numa cadeira que o voto popular
não lhe franqueou.
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