TALITA BEDINELLI
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
O Bradesco, convênio da família, recusou-se a pagar parte dos procedimentos. Ela recorreu à Justiça, que obrigou o plano a arcar com todos os custos do tratamento, mas, mesmo assim, nada mudou.
Operadoras de saúde afirmam que acatam as decisões judiciais
Com a liminar em mãos desde setembro do ano passado, ela teve que remarcar na semana passada um exame que verifica se a doença atingiu novas partes do corpo. O convênio não havia autorizado.
"É um desgaste, a gente paga direitinho, tem a liminar, mas o Bradesco alega que não conhece o exame. Eles fazem de tudo até você desistir ou pagar do próprio bolso", diz.
Em março, o problema já havia acontecido, e ela pagou R$ 2.800 para conseguir fazer o exame.
Assim como ela, muitos pacientes que apelaram para a Justiça após problemas com convênios médicos têm tido dificuldades de ver as decisões dos juízes serem cumpridas. A Folha obteve relatos de 12 pacientes que enfrentaram demoras que chegaram a até oito meses.
Há casos em que a paciente desistiu de esperar e teve que recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde), como a dona de casa Tereza Cristina Santos do Nascimento.
Com um tumor diagnosticado, ela iniciou o tratamento no Hospital AC Camargo quando a empresa do marido dela trocou o plano de saúde, do qual ela era beneficiária.
O novo plano recusou-se a cobrir o tratamento na unidade e, segundo ela, não ofereceu alternativa adequada na cidade. O juiz obrigou o plano, do Hospital Samaritano de Campinas, a dar continuidade ao tratamento no AC Camargo, no início de março. Mas nada foi feito.
Tereza decidiu, então, apelar para um hospital público, onde iniciou o tratamento. "O problema que eu tenho não é uma gripe. Não posso esperar", afirma ela.
No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), do SUS, 25% dos pacientes atendidos têm planos.
A aposentada Paula Nohara também apelou à Justiça, mas o problema continuou após decisão favorável a ela.
A SulAmérica reajustou o plano dela de R$ 742 para R$ 1.248, assim que ela completou 66 anos. Esse tipo de reajuste, por mudança de faixa etária, é proibido após os 60 anos. A liminar dada em março só foi cumprida na semana passada, depois de a reportagem entrar em contato com o plano.
MULTA BARATA
Renata Vilhena, advogada especializada em planos de saúde, diz que os casos de descumprimento de liminar têm crescido em seu escritório. "É um fenômeno recente."
A também advogada Andrea Lazzarini Salazar acredita que a multa estipulada pela Justiça para o não cumprimento imediato da decisão judicial é muito baixa, o que incentiva as operadoras a demorarem. Os valores são, em geral, entre R$ 500 e R$ 1.000 por dia, diz ela.
Além disso, há uma demora para que a multa seja cobrada, diz ela. "Se a operadora demora a cumprir, o advogado tem que informar o judiciário, que reitera o pedido de cumprimento afirmando que se não for feito aplicará a multa", explica.
"O problema é que essa demora pode implicar em prejuízo à saúde do paciente", diz.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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