quinta-feira, 27 de novembro de 2025

 

Combustíveis fósseis ficam fora dos acordos da COP30

Organizações falam em vitória da indústria fóssil, e Marina Silva diz que resultado ficou aquém do necessário

Publicado em 24/11/2025
Foto: Ricardo Stucker - PR

A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), realizada em Belém, no Pará, encerrada no sábado (22), apresentando um acordo que não menciona a eliminação dos combustíveis fósseis. Analistas citados pelas agências de notícias dizem que houve progress em eixos como financiamento para adaptação, inclusão social. O texto aprovado reafirma a necessidade de acelerar a ação climática “de forma voluntária” e prevê triplicar o financiamento para adaptação até 2035, mas frustra expectativas por avanços mais concretos.

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A ausência de um compromisso explícito sobre petróleo, gás e carvão gerou reações de países como Colômbia, Uruguai e Panamá, que interromperam momentaneamente a plenária final para contestar a forma como parte das decisões foi conduzida. A Colômbia afirmou que o encontro “está longe de ser a COP da adaptação”, enquanto o Panamá criticou a falta de clareza sobre compromissos financeiros.

Do outro lado, o bloco de países produtores, que inclui Arábia Saudita, Irã e Rússia, atuou para barrar qualquer menção direta ao abandono dos fósseis, repetindo a disputa que marcou a COP28, em Dubai. Desta vez, porém, o impasse prevaleceu. O representante russo chegou a acusar delegações latino-americanas de “se comportarem como crianças”, gerando protestos no plenário.

Mesmo sem consenso sobre o tema central da transição energética, o pacote final manteve o chamado “Mutirão Global”, documento político que organiza debates, cria novas estruturas de cooperação e convoca países a alinhar seus planos climáticos ao limite de 1,5°C. O Mutirão não cita combustíveis fósseis, mas inclui a meta de triplicar o financiamento para adaptação, uma das principais demandas de países em desenvolvimento.

Entre as decisões aprovadas estão o novo Programa de Trabalho de Transição Justa, diretrizes para o Fundo de Perdas e Danos, o avanço no Artigo 2.1(c), que busca reorganizar fluxos financeiros globais, e a adoção dos primeiros indicadores internacionais para medir adaptação climática. Ainda assim, diversos países consideraram que o texto ficou aquém das necessidades e reforçaram críticas ao processo de negociação.

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, prometeu que o Brasil elaborará, nos próximos meses, dois “mapas do caminho”: um para reverter o desmatamento e outro para orientar a transição longe dos combustíveis fósseis. As iniciativas não constam do documento final, mas foram apresentadas como gesto político pelo diplomata. “Precisamos de mapas para ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa”, afirmou.

Durante a plenária final, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reconheceu que a COP não alcançou o que muitos esperavam, mas defendeu que houve avanços modestos em adaptação, financiamento e transição justa. “Sonhávamos com muito mais resultados”, disse.

“Em que pese ainda não ter sido possível o consenso para que esse fundamental chamado entrasse nas decisões desta COP30, tenho certeza de que o apoio que recebeu de muitas Partes e da sociedade fortalece o compromisso da atual Presidência de se dedicar para elaborar dois mapas do caminho. Um sobre deter e reverter o desmatamento. Outro, sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis de maneira justa, ordenada e equitativa. Ambos serão guiados pela ciência e serão inclusivos”, pontuou.

As próximas sedes da COP já estão definidas: a Turquia receberá a COP31, em 2026, e a Etiópia sediará a COP32, em 2027.

Com informações da Agência Brasil, Brasil 247, Reuters e AFP

Alex Prado

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