Wanderley desconstrói os paulicêntricos: o PT não nordestinou!
Há mais desvalidos no SE do que no Nordeste!
publicado
11/06/2018

Crianças dormem em calçada no centro de São Paulo (Créditos: Oliviero Pluviano)
O Conversa Afiada
reproduz artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos que
desmonta as "teorias" de voto genético, encontradiças na USP - o Jessé Souza sabe o que significa USP... - e na obra de seu Patrono, o Farol de Alexandria,
que explica as quatro derrotas consecutivas em eleições presidenciais
com sociológico argumento: o pessoal do Nordeste é "mal informado", ou
seja ignorante, asnático, por isso vota no Lula e no PT...!
Por essas e outras o ansioso blogueiro sustenta que o próximo Presidente paulista tomará posse em 1o de janeiro de 3019, ao lado de seus renomados cientistas políticos...
Ao mestre Wanderley:
Por essas e outras o ansioso blogueiro sustenta que o próximo Presidente paulista tomará posse em 1o de janeiro de 3019, ao lado de seus renomados cientistas políticos...
Ao mestre Wanderley:
As análises sobre a distribuição
regional do poder eleitoral têm estado apoiadas em premissas precárias. A
metodologia estatística utilizada nas eleições presidenciais privilegia
a proporção de votos obtidos pelo candidato localmente vencedor em
relação, claro, ao total de votos válidos daquele estado. Tomar esta
potência local como determinante da força nacional do candidato
vitorioso e de seu partido incorre em equívoco essencial sobre a efetiva
contribuição de cada estado para o desempenho final dos candidatos
(vencedores e perdedores). Reanalisei a questão em dois textos já
disponíveis na página do Necon, do Instituto de Estudos de Sociologia e
Política da UERJ, medindo a contribuição dos votos estaduais do
candidato presidencial vencedor como proporção de sua votação nacional,
não no próprio estado. Como se descobre: sem a votação do Sudeste,
basicamente Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, Lula só teria
vencido a eleição de 2002, na qual o opositor, José Serra só o venceu no
estado nordestino de Alagoas. Desde 2006, o PT não nordestinizou, como
afirmam os paulicêntricos. Pela distribuição demográfica da pobreza,
quanto maior a população desvalida, maior será sua contribuição para
candidatos populares. Não existe voto genético nem ilustrado; existe
voto de interesse ou ideológico. E o número bruto de desvalidos em
estados populosos é significativamente superior a seu equivalente em
estados menores. Mesmo com votação decrescente em São Paulo e Rio de
Janeiro (em Minas Gerais, a candidata petista Dilma Rousseff perdeu por
pouco para o filho da terra, Aécio Neves, tendo o PT vencido em todas as
eleições anteriores), a quantidade de votos neles conquistados por Lula
e Dilma garantiu a vitória de ambos. Em 2014, especialmente, sem os
votos obtidos em São Paulo e no Rio de Janeiro (para não mencionar Minas
Gerais, onde, tal como em São Paulo, também perdeu) os votos de todo o
Nordeste seriam insuficientes para a vitória de Dilma Rousseff. Há mais
votos de desvalidos no Sudeste do que no Nordeste, diria Guilherme do
Ockam, e esta é a explicação simples da geografia eleitoral nas eleições
presidenciais brasileiras. E acrescentaria: nos noventa, o simples
chamava-se “um real”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário