Jovens que protestavam contra Temer viram réus enquanto capitão infiltrado é promovido

Foto: Andre Lucas/CHOC Documental

Jornal GGN - Em setembro de 2016, 22 jovens foram presos em uma reunião preparatória para um ato contra o governo Temer, em São Paulo, numa operação militar que envolveu um agente infiltrado de codinome Balta Nunes. Enquanto esse oficial foi promovido a major do Exército, 18 dos jovens foram transformados em réus pela Justiça, que aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado por corrupção de menores e associação criminosa.
O estudante Felipe Gonzales Zolezi, de 21 anos, é um dos réus. A denúncia contra ele virou objeto de reportagem no Estadão desta terça (26): ele é acusado de "transportar câmera fotográfica e de filmagem para registro das ações criminosas e posterior divulgação em redes sociais e outros meios de veiculação de ideias".
 
À época, defensores de Direitos Humanos denunciaram que a operação era um flagrante forjado apenas para intimidar a juventudade disposta a ir às ruas protestar contra o governo Temer. Os jovens detidos relatam que a polícia plantou objetos consideradas "armas brancas" para prendê-los e denunciá-los inicialmente por terrorismo.
 
Desde então, investigações foram instauradas para dar aparência de que as suspeitas seriam apurar como a operação foi forjada. Mas, de acordo com o jornal, tudo está sendo engavetado. Willian Pina Botelho, hoje major, foi alvo de dois inquéritos abertos pelo Ministério Público Federal de São Paulo, e os dois "estão a caminho de serem arquivados".  
 
Com base apenas no testemunho dos policiais que participaram da ação, o promotor de Justiça Fernando Albuquerque Soares Sousa fez uma denúncia com 5 páginas em que acusa 10 jovens por dividir o porte de "uma barra metálica e um disco de ferro". Outro jovem, Erico Sant Ann Perrela, é denunciado por carregar os celulares dos amigos. 
 
Editor do GGN, Luis Nassif entrevistou dois pais que expuseram a versão dos jovens sobre os fatos. O pai de Erico Perrela afirmou que era normal seu filho participar de atos pela democracia, principalmente após a deposição de Dilma Rousseff por conta de um impeachment fraudulento. (Veja o vídeo da entrevista abaixo).
 
Quem decidiu aceitar a denúncia contra os 18 jovens foi a juíza Cecília Pinheiro da Fonseca. Ela afirmou, segundo o Estadão, que "as imputações e os indícios trazidos na denúncia são suficientes para o exercício do direito de defesa, não havendo que se falar em inépcia, sendo desnecessário tecer maiores considerações a respeito do tema, como já realizado na apreciação da mesma tese apresentada pelas demais defesas."