As perguntas que a irmã e o primo de Aécio se negaram a responder à PF

Andrea Neves e Frederico Pacheco ficaram em silêncio sobre documento secreto e relação com doleiro

Foto: Paulo Fonseca/Agência EFE
Jornal GGN - No mesmo dia em que foi presa pela Lava Jato, Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB), foi interrogada pela Polícia Federal sobre os esquemas de corrupção revelados pela JBS, mas preferiu ficar em silêncio até que sua defesa tenha acesso a todas às acusações que existem no processo.
O relatório da Polícia Federal mostra que o mesmo ocorreu com Frederico Pacheco, primo de Aécio, que também está preso depois de ter sido flagrado retirando malas de dinheiro da sede da empresa da família Batista.
O relatório da PF mostra que Andrea foi questionada sobre as mensagens que trocou com Joesley Batista e os encontros do empresário com Aécio. A irmã do senador foi apontada pelo delator da JBS como a responsável por iniciar a conversa em torno do pedido de R$ 2 milhões, com a desculpa de que o montante ajudaria a pagar a defesa do tucano na Lava Jato.
O interrogatório de Andrea, contudo, releva outros pontos da investigação. A irmã de Aécio foi questionada sobre um documento secreto que teria entregue a Ricardo Cipriano Neto, assessor parlamentar do senador.
Em recurso ao Supremo Tribunal Federal, Andrea admite que buscou Joesley, mas afirma que foi com a intenção de vender um imóvel da família em troca dos R$ 2 milhões. Como o empresário não demonstrou interesse, Aécio continuou a negociação, sem a participação de Andrea. O delator confirmou a história do imóvel, mas alegou que pagou Aécio por sua influência em Brasília.
O documento abaixo mostra as perguntas da PF à irmã do senador:


Já as peguntas feitas pela Polícia Federal a Fred, como é conhecido o primo de Aécio, demonstram que a Lava Jato tem indícios de que o senador usadou não apenas uma empresa da família Perrela para lavar a propina da JBS, mas também um doleiro preso por tráfico internacional de diamantes.
Na Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais, o delegado Luiz Augusto Nogueira perguntou a Fred a razão de sua empresa, a Frederico Facheco Empreendimentos, ter recebido um depósito de R$ 165 mil da empresa da família Perrela. O primo de Aécio não quis responder.

Fred também usou o direito constitucional de permanecer em silêncio quando a PF indicou que o assessor de Aécio "realizou provisionamento de saque junto ao banco Bradesco, no valor de R$ 103 mil, da conta da empresa Tapera, cujo sócio majoritário é Gustavo Perrela (filho de Zezé Perrela)", dono do famigerado helicóptero apreendido com quase meia tonelada de pasta de cocaína em meados de 2013.

Segundo o relatório da Polícia, esse provisionamento ocorreu um dia depois da JBS ter pago a segunda parcela do montante combinado com Aécio.


No mesmo interrogatório, também há perguntas sobre a relação de Fred ou Aécio com o doleiro Gabi Amine Toufic Amad e com a empresa Emn Auditoria, de Euler Mendes Nogueira, alvo de busca e apreensão na operação Patmos. Euler é ex-auditor fiscal do Cruzeiro. Já o doleiro Toufic foi preso em 2016 por suspeita de participar de um esquema de tráfico de diamantes. Ele também foi alvo de busca e apreensão na Operação Lava Jato.
 O documento que mostra todo o roteiro de perguntas feitas a Fred e Andrea está em anexo,