Joalheiro de confiança de celebridades da música, do crime e do futebol, como Neymar, TH Jóias era amigo íntimo do traficante Índio do Lixão, que o levou à cúpula do CV, com quem passou a manter “relações próximas, notadamente com o líder da facção EDGAR ALVES DE ANDRADE, v. DOCA e URSO, e com o segundo na linha hierárquica extramuros, LUCIANO MARTINIANO DA SILVA, v. PEZÃO”, de acordo com Moraes.
Para quem não lembra, Doca era o alvo declarado número 1 da operação sanguinária nos Complexo da Penha e do Alemão no final de outubro passado. Mas, assim como Gardenal, seu braço direito, o líder do CV fugiu antes da operação, avisado sabe-se-lá-por-quem. O governador do Rio de Janeiro, chegou a dizer que a polícia do Rio sabia onde ele estava, mas não conseguiu prendê-lo. Não deixou transparecer ironia em sua declaração.
Diálogos interceptados no âmbito da mesma operação que prendeu TH Jóias, Índio do Lixão, assessores e policiais militares que faziam a escolta de traficantes, e Alexandre Carracena, secretário de Esporte e Lazer de Cláudio Castro em 2022 e subsecretário de Defesa do Consumidor até janeiro passado, mostram a influência dos traficantes do CV até no policiamento do Rio de Janeiro.
Em uma conversa com o subsecretário Carracena, Índio do Lixão conta que encontrou pessoalmente o secretário do Consumidor, Gutemberg de Paula Fonseca, que foi quem indicou Carracena para o cargo, para pedir “cobertura política” e recebe elogios de Carracena por ter ajudado politicamente Gutemberg. Embora o secretário tenha negado o encontro, Carracena disse à polícia que soube da reunião com o traficante pelo próprio Gutemberg.
Em outra troca de mensagem, essa entre Índio e TH Jóias, o traficante pede ao então deputado que retire o Batalhão de Choque da Gardênia Azul, favela que havia sido ocupada pelo CV. Seis meses depois, a base na Gardênia Azul passou para o comando do batalhão local, o 18º BPM (Jacarepaguá).
O secretário Gutemberg também é homem de confiança do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de acordo com apuração da revista Veja. Ex-árbitro de futebol, ele é uma espécie de “representante da família Bolsonaro no governo Cláudio Castro”, segundo a revista. Há poucos meses, Gutemberg, Flávio Bolsonaro e TH Jóias apareceram juntos em fotos durante uma agenda em Búzios, no litoral fluminense.
Já Bacellar, que promoveu e acobertou a fuga de TH Jóias, também tem outras conexões interessantes. Em 2023, o Ministério Público abriu uma investigação contra ele por voar no helicóptero particular da Zocar, empresa de Márcio Macedo Sobrinho, que também é dono da M. Gold, esta dedicada ao garimpo de ouro com sede em Itaituba no Pará. Além de colecionar multas ambientais, em julho do ano passado, a empresa foi alvo da operação Ganância, no Pará. Foram sessenta mandados de busca e apreensão, cinco pessoas foram presas, por movimentação ilegal de 16 bilhões de reais.
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