Tá cansada/o de ler?
Por isso eu testei pela primeira vez a IA do Google — costumo usar o ChatGPT — para tentar resumir as ideias desse email e chamar sua atenção.
O problema é que neste momento, na mesma tela em que você me lê, estou concorrendo com o próprio Google, o Instagram, o Tik Tok, o WhatsApp, o Youtube ...
É muito desequilíbrio, sabe?
Este poder está nas mãos de somente quatro ou cinco empresas, todas elas estrangeiras, que concentram nossa comunicação, nossas ferramentas de trabalho, nosso entretenimento.
Como meu texto pode concorrer com isso tudo??? Por isso testei o Gemini para, ironicamente, falar de… tecnologia e soberania. Este é o paradoxo que a gente tem vivido: não podemos abrir mão dessas ferramentas, mas também precisamos analisá-las criticamente.
Este ano, junto com a Natalia Viana, eu coordenei uma investigação sobre o lobby das Big Techs no Brasil e em outros 16 países do mundo.
Revelamos, por exemplo, como Jair Bolsonaro e Michel Temer deram as mãos a Meta e Google, respectivamente. Em jogo, interesses corporativos que tentaram enfraquecer o jornalismo brasileiro. Bolsonaro e Temer ajudaram a enterrar a tentativa de que as grandes plataformas pagassem pelo conteúdo de notícias que elas usam — e muito — sem fazer um PIX de R$ 1 em retribuição.
Desde 2024 — só não viu quem não quis — a Pública já revelava as ações patrióticas de Eduardo Bolsonaro e do Paulo Figueiredo que resultariam em sanções ao nosso país. Em 2025 continuamos investigando os dois e até descobrimos que o neto do ditador responde a um processo nos EUA por receber dinheiro de um bilionário chinês que está em cana por fraude.
No fim do ano, revelamos ainda, em uma série em áudio especial, a parceria do governo dos EUA com a Lava Jato. A série sobre espionagem real e teorias da conspiração traz os bastidores de uma investigação jornalística sobre a origem da operação anticorrupção que, você sabe, mudou os rumos do Brasil.
Os valores em jogo são diferentes dos nossos. Enquanto os bilionários do Vale do Silício e seus aliados na Casa Branca gostam de falar em números superlativos pra ostentar seu poder, nosso jornalismo prescinde de publicidade e aposta em investigação e interesse público como nossos maiores valores.
Não que a gente não precise de dinheiro. Muito pelo contrário. Somos uma organização sem fins lucrativos cheia de boletos a pagar — são 40 salários, 2 aluguéis (nossas redações em SP e Brasília), contas de luz, internet e telefone, viagens para reportagens em todo o Brasil…
Mas, pra mim, esse papo de América Latina como quintal dos EUA e bandeirão gringo estendido na Paulista em pleno 7 de setembro cheira a mofo. Olha que eu morei lá e, sem hipocrisia e com sinceridade, gosto do país.
Nosso jornalismo está a serviço do Brasil e este é mais um valor inegociável da Pública. Foram mais de 70 republicações do nosso conteúdo em veículos internacionais. Nosso jornalismo, sobre e para o Brasil, é referência no mundo também.
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