Ontem, o Santos sofreu sua terceira maior goleada no Campeonato Brasileiro, ao perder de 6 a 0 para o Vasco. Além da humilhação em campo – que fez parte da torcida virar de costas para o gramado em repúdio ao desempenho do time –, um problema grave se desenrola fora dos estádios, como mostramos em reportagem há algumas semanas: 90 mil metros quadrados de vegetação nativa podem ser engolidas para dar lugar ao novo Centro de Treinamento (CT) do Santos Futebol Clube.
O pai do jogador Neymar Junior, o empresário Neymar da Silva Santos, e a imprensa tradicional – em especial a esportiva – demonstraram pouca importância à preservação da Mata Atlântica, que é o bioma mais devastado do território brasileiro. Afinal, nenhum deles, ao que parece, questionou a proporção dos impactos ambientais que a construção do novo empreendimento pode gerar.
No dia em que a reportagem foi publicada, o Santos havia ganhado de 2 a 0 do Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, mas o Brasil havia perdido parte da sua luta pela preservação ambiental: a Câmara dos Deputados havia aprovado o PL 2.159/2021, conhecido como “PL da Devastação” que flexibiliza as leis de licenciamento ambiental e pode autorizar aberrações ambientais como a construção do futuro CT do Santos FC.
Assim que a história do CT chegou até a Pública, eu pesquisei o que a imprensa tradicional havia comentado a respeito, e o resultado foi que nenhum dos veículos que estiveram na coletiva de anúncio da construção do CT se preocupou em abordar o impacto ambiental que a obra geraria e o tamanho da área verde que seria desmatada.
Ninguém fez a pergunta incômoda ao pai do Neymar, ao Santos, ao prefeito da Praia Grande Alberto Mourão (MDB) ou ao Julio Peralta (um dos diretores da empresa que tem a posse do terreno) sobre a devastação ambiental que o projeto causaria. Os motivos podem ser diversos: falta de tempo em apurar mais aprofundadamente, receio de questionar o poder da família Neymar ou de serem vetados de coberturas esportivas que envolvam o Santos.
Mas enquanto a grande imprensa ignorava os bastidores da destruição ambiental, a Pública investigou, deu nome aos responsáveis e confrontou os poderosos com coragem e independência.
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