Em abril deste ano, a Agência Pública contou a história de Gabriel Jesus, um jovem negro, de 18 anos, que passou três meses na prisão, na Praia Grande, litoral paulista, por um crime que não cometeu.
A reportagem trouxe, camada por camada, o racismo institucional que o aprisionou. “Eu quis mudar a minha cor”, disse Jesus em sua entrevista. Neste momento, eu fiquei sem palavras, me doeu, porque eu também sou um homem negro e sei o quão difícil a vida pode ser por ter a pele mais retinta.
Quando eu escrevo uma história, eu deposito a esperança de algum impacto: seja gerar uma discussão, reflexões, mudanças ou justiça social. Mas, eu só não esperava o que viria após a publicação da reportagem sobre Gabriel.
Na tarde de 17 de abril, após a publicação da reportagem, eu recebi um e-mail que dizia: “Gostaria que enviasse uma mensagem ao Gabriel informando que somos solidários a causa dele e gostaríamos de ajudá-lo de uma forma efetiva [...] que informasse ao Gabriel que se ele quiser cursar o curso de Direito nosso escritório arcará com os custos e desde já lhe oferece uma vaga de estagiário desde agora até o final do curso”. Quem assinava a mensagem era o advogado Eden Siroli Ribeiro Junqueira.
Vibrei como se o presente fosse para mim. Afinal, tudo que a gente espera de uma reportagem é que ela traga alguma mudança, mas, neste caso, ela transformará uma vida, pois é a chance de um jovem negro recontar a sua história e de sua família.
Imediatamente, liguei para a mãe de Gabriel, a cozinheira Sabrina Oliveira, de 39 anos. Ela era a única, entre os três filhos, que tinha celular. A alegria dela transbordava pela voz, que me agradecia a todo instante por ter contado a história do filho dela e, desta forma, ter recebido tamanha ajuda.
O compromisso do advogado, que tem um escritório em São José dos Campos, no interior paulista, não ficou apenas em palavras redigidas em um e-mail. Junqueira visitou a família de Gabriel, presenteou a todos com celulares novos e reforçou o seu compromisso em arcar com estudos.
Histórias como essas não ganham espaço por acaso em qualquer veículo. Elas chegam até o público porque há redações independentes, como a Agência Pública, dispostas a investir tempo, recursos, coragem e rigor de apuração.
Na Pública, nós não nos curvamos aos imediatismos, tampouco aos interesses de quem detém poder político e econômico. Fazemos Jornalismo sem amarras e com o apoio de vocês, leitoras e leitores, que apoiam o nosso trabalho. Cada Aliado ajuda a contar histórias como a de Gabriel e a reescrever o destino de muita gente.
“O Jornalismo de vocês mudou a minha vida”, disse Gabriel Jesus após a visita de Junqueira. “Vamos transformar a vida dele e da família se Deus quiser. Parabéns pelo que você fez. Você foi o anjo na vida dele”, completou o advogado.
Se você quer ver outras vidas serem mudadas, apoie a Agência Pública. |
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