domingo, 10 de agosto de 2025

O LEGADO ESCRAVISTA DOS EUA NO INTERIOR PAULISTA

 

Em Santa Bárbara d’Oeste (SP), homens com chapéus texanos e mulheres de vestidos rodados dançam música country sob bandeiras confederadas — o símbolo mais conhecido dos estados escravistas do Sul dos EUA. A cena poderia estar no filme “E o vento levou”, mas acontecia aqui, na Festa dos Americanos, realizada todos os anos até ser interrompida pela pandemia. Por trás dessa celebração “cultural” da imigração norte-americana, há uma história que muitos preferem esquecer, mas a Agência Pública investigou e trouxe à tona: a vinda desses imigrantes, no fim da Guerra Civil Americana, não se deu apenas por promessas de reconstrução. Para muitos, o objetivo era manter um modo de vida baseado na escravidão.


A Pública mergulhou nessa história. Conversamos com quem resiste para preservar a memória negra, com quem celebra a herança confederada e com quem questiona a exaltação de um passado escravista.


Mesmo com documentos de cartórios e censos mostrando que, além de sementes e costumes, os norte-americanos também traziam consigo a prática de escravizar pessoas — especialmente em plantações de algodão – a narrativa oficial da cidade exalta apenas sua coragem e contribuições, silenciando sobre o trabalho escravizado que sustentou essa prosperidade.


O resultado dessas investigações faz parte do especial do Projeto Escravizadores, no qual trouxemos investigações inéditas da Agência Pública que destrincham o passado escravista do Brasil. Na reportagem publicada hoje, nos aprofundamos na história dessas “colônias de confederados”.


Apesar de ter o uso em eventos públicos proibidos por lei em 2022, a bandeira confederada — hoje associada à supremacia branca e à Ku Klux Klan — é um símbolo valorizado por seus defensores. Descendentes ainda arguementam que ela representa “apenas a origem”, enquanto movimentos negros lutam para que o racismo e a escravidão não sejam apagados da memória local.

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