Olá,
O tempo tem provado que a crise golpista após as eleições de 2022 teve inúmeras digitais militares em seu planejamento e execução. A recente denúncia da PGR contra 34 envolvidos na tentativa de golpe escancarou o papel verde-oliva na trama envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, em especial, o dos membros da força de elite do Exército – os chamados “kids pretos” – responsáveis pelo ‘trabalho sujo’ para a tomada do poder.
A Pública te mostrou que coube aos “kids pretos” golpistas a missão de manipular extremistas acampados na frente dos quartéis e até o Alto Comando do Exército, para aderirem ao golpe, além de vigiar e arquitetar, clandestinamente, o sequestro e “neutralização” (o assassinato) do ministro do STF Alexandre de Moraes e dos então presidente da República e vice recém-eleitos.
Com a revelação de parte das evidências reunidas pela Polícia Federal ao longo das investigações e de trechos da delação premiada do tenente-coronel – e também “kid preto” – Mauro Cid, miramos no que muitos ignoraram: a parte mais violenta da trama nasceu dentro de um hotel do Exército localizado, vejam só, na unidade dos “kids pretos”, o Comando de Operações Especiais.
O manual de campanha de Operações Especiais do Exército define os “kids pretos” como oficiais preparados para atuar em “missões de alto risco”, com “dificuldade de coordenação e apoio”, aptos a se infiltrar em “ambientes hostis” visando “alvos de valor significativo”.
Militares envolvidos na trama dominam “táticas de operações” para cumprir missões “de inteligência, exploração e reconhecimento de comunicações clandestinas, operações em conflitos armados não convencionais”, “infiltração em território inimigo” e “manejo de crises em ambientes hostis”.
Pela primeira vez na história recente do Brasil, oficiais de alta patente das Forças Armadas são denunciados por tramarem um golpe de Estado. Mesmo assim, ainda faltam muitas respostas para entendermos, na plenitude, o envolvimento de militares da ativa e da reserva no caso – e a profundidade do golpismo dentro da caserna. Para isso, o jornalismo independente precisa seguir investigando, sem amarras. |
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