A morte de JK e o Plano Verde Amarelo: o que o novo golpismo nos ensina sobre o passadoFaço parte de uma geração de jornalistas que sonhou em desvendar três mortes presidenciais (ou assassinatos?) do período da ditadura. Se as investigações da imprensa, dos familiares dos mortos, do Ministério Público e dos governos pós-regime militar só fizeram aumentar o número de vítimas do golpe de 1964, a ponto de hoje em dia se falar em 10 mil mortos, muitos jornalistas da redemocratização também tentaram, sem sucesso, esclarecer as circunstâncias das mortes de Juscelino Kubitschek, João Goulart e do general Castello Branco, mortos entre 1967 e 1976.
Motivos para suspeitar das versões oficiais nunca faltaram - das falhas nas investigações, a laudos periciais precários e depoimentos contraditórios -, além do interesse óbvio da ditadura em se livrar dos três ex-presidentes: Juscelino por ser um presidente popular, anterior à ditadura, e que a ela se opôs; Jango por suspeitas de articular sua volta ao Brasil do exílio no Uruguai; e Castello Branco, este golpista de primeira hora, por supostamente ter se colocado contra o endurecimento da ditadura, que se concretizaria com a promulgação do AI-5, cinco meses depois da morte do general.
Mas também havia razões para atribuir a tese dos assassinatos a teorias da conspiração. Castello Branco, o primeiro dos três a falecer, em 18 de julho de 1967, foi vítima de um acidente aéreo; Jango, com problemas de saúde, morreu oficialmente de infarto de miocárdio, em 6 de dezembro de 1976; e JK, também morto em 1976, quatro meses antes de Jango, em um acidente de carro na via Dutra.
Por isso senti um misto de fascínio e terror diante da notícia da reabertura do caso JK pela Comissão dos Mortos e Desaparecidos divulgada ontem (13/02) - a decisão seria confirmada em uma reunião que ocorreria hoje (14/02). |
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