domingo, 31 de março de 2019

Quartelada e discurso que só ficou no papel são elementos do golpe de 1964

Publicado em 31 março, 2019 12:39 pm
Tanques tomam as ruas do Rio de Janeiro, após militares tomarem o governo em 1964 Foto: Wikimedia Commons/Wikipedia
Da coluna de Heloisa Murgel Starling, publicada na Folha:
Na madrugada de 31 de março de 1964, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, atropelou a conspiração que pretendia derrubar o governo de João Goulart. Desceu sua tropa em direção ao Rio de Janeiro para tomar de assalto o Ministério da Guerra e destituir o presidente da República.
Era uma quartelada: o general Mourão estava próximo da compulsória e procurava um atalho capaz de potencializar seu papel na chefia da conspiração. Magalhães Pinto, governador de Minas, sustentou a quartelada apostando aumentar o próprio cacife político para disputar as eleições de 1965. Planejava declarar Minas em secessão, negociou em segredo o reconhecimento do governo norte-americano e pretendia oferecer aos conspiradores o terreno para uma campanha militar fulminante.
Deu tudo errado. Mourão acabou neutralizado pelas lideranças militares que, de fato, ocuparam o poder e rapidamente absorveram a quartelada em um golpe de Estado bem-sucedido.
(…)
No final da tarde, o general foi eleito para completar o mandato de Jango. Em menos de uma semana depois, Castelo Branco tomou posse no plenário do Congresso Nacional. Ele jurou defender a Constituição de 1946, prometeu entregar o cargo ao seu sucessor em 1965 e garantiu que as cassações estavam encerradas.
O discurso do general disse o que todo mundo queria ouvir, mas não cumpriu nada do que prometeu. A posse de Castelo Branco era o prelúdio de uma completa mudança no sistema político sustentada por um formato francamente ditatorial –vale dizer, por um governo que não é limitado constitucionalmente. 
(…)

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